O céu é o limite: bolsas americanas renovam recordes históricos
Declaração de Powell sobre estabilidade do juros até 2024 impulsionou os investidores, que não temem mais a inflação
Dados divulgados nesta quinta-feira, 15, pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos reafirmaram as boas perspectivas sobre o crescimento do país em 2021 e foram mais um motivo para animar o mercado financeiro. Na última semana, os pedidos de auxílio desemprego foram 576 mil, o menor nível desde o início da pandemia.
O otimismo sobre o crescimento da economia americana em 2021 disparou as bolsas de valores americanas. O S&P 500 bateu mais um recorde histórico e encerrou a 4.170,42 dólares, alta diária de 1,11%. O índice Dow Jones também renovou as máximas históricas e fechou em 34.035,99 dólares, 0,90% a mais que no fechamento anterior. No Brasil, o Ibovespa ficou perto do zero a zero, com alta de 0,34%, aos 120.700 pontos.
No dia 14 de março do ano passado, antes de o desemprego eclodir no país, foram 256 mil pedidos de auxílio desemprego. Os números da semana encerrada no último sábado, 10, são menores em 1.930 mil em relação à semana anterior. Além disso, os analistas de mercado esperavam 700 mil pedidos, 130 mil a menos que os dados divulgados nesta quinta-feira.
Além da recuperação do emprego, os índices são impulsionados pela fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. O banco central americano comunicou oficialmente que não elevará as taxas básicas de juros do país até 2023, mas Powell afirmou que a maioria dos presidentes dos bancos centrais estaduais, que votam a variação do juros, não crê que eles irão subir até 2024.
O excesso de liquidez no mercado gerado pelos incentivos via política monetária do Fed e injeções fiscais do governo é um prato cheio para o mercado financeiro. Além disso, o fantasma da inflação deixou de ser um temor para os investidores – pelo menos por enquanto. “Havia um medo inicial de que os pacotes do governo americano acabariam elevando a inflação, mas agora o mercado está mais calmo e vai pagar para ver como os preços vão se comportar no segundo semestre”, diz Adriano Cantreva, sócio e CIO da Portofino Multi Family Office.
Nesta sexta-feira, 15, os rendimentos dos títulos do Tesouro Americano para 10 anos, considerados porto-seguro dos investidores, caíram 3,75% e alcançaram a menor rentabilidade em um mês. O dado intrigou os economistas pois, hoje, foram divulgados fortes de vendas do varejo e produção industrial. “Isso em tese deveria ter pressionado bastante as taxas de juros”, diz Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos. “As baixas das taxas ao longo da semana também estão sendo influenciadas por uma demanda aquecida por títulos públicos que tem financiado os projetos recém aprovados. O Tesouro americano tem feito diversas ofertas ao longo das últimas semanas que estão com a demanda muito aquecida”, diz ele.