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O anúncio na China que ajudou o Ibovespa a se aproximar dos 100 mil pontos

O governo local anunciou que o mercado está em "alta saudável", o que animou os investidores

Por Luisa Purchio 6 jul 2020, 18h25

Mesmo diante dos recordes de novos casos de novo coronavírus, as bolsas chinesas fecharam em alta histórica hoje e influenciaram o mundo todo. O otimismo do mercado mundial repercutiu no Ibovespa. O principal índice da bolsa brasileira subiu 2,24% nesta segunda-feira, 6, aos 98.937 pontos, chegando próximo da marca dos 100 mil pontos. A euforia do mercado internacional se deve principalmente a uma declaração do governo chinês, que afirmou em artigo publicado na mídia local que os investidores deveriam ter no horizonte o “efeito riqueza dos mercados de capitais” e um “mercado em alta saudável”. A visão positiva fez com que a Bolsa de Xangai disparasse 5,71%, a maior alta diária desde 2015, e para um patamar que não era visto há mais de dois anos. Já o Shenzen Composto, índice do grupo de empresas chinesas de menor valor do mercado, teve alta de 3,90%.

O anúncio também influenciou as principais moedas mundo afora. O dólar sofreu queda em relação a praticamente todas as moedas: queda de 0,5% em relação ao peso mexicano e de 0,55% peso chileno. O Índice DXY, que mede a variação da moeda americana em relação a uma cesta de outras estrangeiras, chegou a cair mais de 0,6% e à tarde operava em torno com redução de 0,41%. Já em relação ao real, o dólar caiu para 5,2662 reais no início da abertura das bolsas, mas voltou a subir e fechou a 5,35 reais. Essa reviravolta, envolvendo especificamente o real, aconteceu, segundo alguns economistas, devido às declarações desencontradas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre as reformas e as privatizações no País.

Mas por que uma declaração tão simplória do governo chinês influenciou tanto o mundo todo? “O governo chinês comunicou em seu jornal, que funciona basicamente como um recado institucional, que o boom Market vai ficar nos mercados chineses e que isso é sustentável. É como se o Federal Reserve dissesse que não está preocupado com os preços do mercado financeiro”, diz Thomas Gilbertoni, especialista da Portofino Investimentos. Diferentemente de bancos centrais de outros países, como o Federal Reserve, por exemplo, que vem apresentando seus números positivos com extrema cautela devido às incertezas sobre a Covid-19, a China trouxe uma visão positiva sem ressalvas. Diversos são os motivos que permitem que o país se diferencie. Emitir títulos públicos em economias transparentes, por exemplo, é algo extremamente delicado, pois pode desequilibrá-lo fiscalmente, ou seja, os gastos públicos ficam desproporcionais à arrecadação, o que aumenta o risco do país e pode gerar inflação. De acordo com Gilbertoni, da Portofino, lá não se sabe ao certo qual é a real situação da economia chinesa: “Na China o risco fiscal não existe, eles divulgam números que não correspondem à realidade. É como se fosse uma pedalada e o que aconteceu com os nossos bancos públicos em 2014, o governo simplesmente emprestava”, diz ele. Nesse contexto, o governo chinês conseguiria emprestar mais dinheiro e baixar a taxa de juros a curto prazo para os bancos conseguirem oferecer crédito por um custo mais baixo.

Outro fator que influenciou nessa euforia são os índices positivos apresentados por consultorias  que possuem mais credibilidade do mercado, como o Índice composto dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) calculado pelo grupo Caixin, que agrega dados sobre a atividade industrial e de serviços do país asiático. O último dado, de junho, apresentou o patamar mais alto desde 2014. Como a China é um gigante consumidora e importadora de commodities, isso anima as bolsas internacionais.

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Curiosamente, alguns analistas estimam, porém, que a China pode estar perto de uma bolha semelhante à que ocorreu em 2014, quando a mídia oficial chinesa incentivou o mercado de ações estimulada por dívidas. Agora, o ritmo no qual as bolsas se recuperam é alto e se assemelha ao ritmo do desmantelamento do mercado que ocorreu à época. Esse ganho diário de 5% nas ações só ocorreu antes do início da bolha. Alguns analistas afirmam que hoje o contexto é diferente, porque a liquidez estaria sendo injetada com mais cuidado pelo governo chinês que na crise de 2014. A China tem vantagens em relação a outras nações também porque foi a primeira a ser afetada pela Covid-19, portanto possui mais experiência, mas o conhecimento sobre informações da população permite que ela controle com mais eficiência a pandemia. Reflexões sobre liberdade e direitos humanos à parte, o fato é que a economia chinesa é gigante e o que acontece ali impacta no mundo inteiro. Se estamos diante de uma bolha, porém, só o tempo dirá. De toda forma, os bons ventos trazidos pelos chineses animam os negócios no mundo inteiro.  Nos Estados Unidos, O S&P 500 operava em alta de 1,35% na tarde de hoje, enquanto o Dow Jones operava em alta de 1,30%.

Dólar em queda

 

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