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Nos EUA, analistas veem cenário ‘caótico’ no Brasil

Em seminário que reuniu investidores que aplicam em nações emergentes, situação do país foi avaliada como 'extremamente complicada'

Por Da Redação
18 set 2015, 11h54

O Brasil foi um dos principais destaques de um seminário em Wall Street, com economistas e gestores de bancos como Morgan Stanley e Citigroup, para discutir o impacto de uma eventual alta de juros nos Estados Unidos em países emergentes. A avaliação da economia brasileira mostrada no evento não foi das melhores: foi descrita pelos executivos do setor financeiro como “caótica”, “extremamente complicada” e com uma crise política vista como “muito séria”.

O seminário foi organizado pela Emta, uma associação com sede em Nova York que reúne investidores que aplicam em mercados emergentes. Realizado na sede do banco UBS e com auditório lotado, o evento terminou na noite de quarta-feira e o Brasil acabou ocupando boa parte das discussões, com os executivos mencionando temas como crise política, ajuste fiscal, recessão, Petrobras e corrupção.

O país, juntamente com outros emergentes, como a Turquia e a Rússia, foi apontado como vulnerável e, portanto, mais propenso a sentir os efeitos de uma alta de juros nos Estados Unidos, amplamente esperada pelo mercado, mas ainda indefinida. Na quinta, o Federal Reserve, o Banco Central americano, decidiu mais uma vez manter inalterada a taxa de juros no país.

“A situação no Brasil é extremamente complicada”, afirmou o diretor executivo e chefe da área econômica para emergentes do Citigroup, Guillermo Mondino, mencionando a crise política, a deterioração acelerada do Produto Interno Bruto (PIB) e a falta de clareza e consenso do governo sobre o que fazer para tentar “achar uma luz no fim do túnel”. “O país está em uma situação muito difícil, a crise é muito profunda e séria”, disse Mondino.

Para o executivo do Citi, se o governo conseguir implementar de forma bem-sucedida o pacote com medidas de austeridade anunciado esta semana, tem chance de evitar um novo rebaixamento do rating (nota de crédito) soberano por outra agência de classificação de risco. Mais um rebaixamento aprofundaria a recessão no país, disse ele. Na semana passada, a agência Standard & Poor’s tirou o selo de bom pagador do Brasil.

No evento, porém, foram levantadas dúvidas sobre a capacidade de o governo conseguir avançar com o pacote. O Congresso hostil ao governo é um dos fatores que deixam as coisas mais incertas, afirmou o diretor de estratégia de renda fixa para emergentes do Morgan Stanley, Gordian Kemen. Além disso, a presidente Dilma Rousseff enfrenta níveis historicamente baixos de popularidade. “O melhor cenário parece ser uma estabilização das coisas em um nível muito baixo”, afirmou. A recomendação neste momento para estrangeiros interessados no país, disse Kemen, é de cautela.

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Com dúvidas sobre os rumos do pacote fiscal, Kemen também levantou preocupações sobre se o país vai conseguir evitar um novo rebaixamento. No caso da Moody’s, se isso acontecer, o Brasil deixaria de ser considerado grau de investimento por uma segunda agência de classificação de risco, o que ajudaria a afastar ainda mais investidores estrangeiros.

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O executivo do Morgan destacou que o Brasil sempre atraiu investidores de risco, mas desde que se transformou em grau de investimento passou a atrair muitos aplicadores, como fundos de pensão e seguradoras, que só investem em mercados mais seguros, com essa classificação por pelo menos duas agências. E são eles que podem deixar o país em massa em caso de novo rebaixamento.

Para Gunter Heiland, sócio e gestor da Gramecy, gestora do Estado de Connecticut, que tem 5,6 bilhões de dólares aplicados em emergentes, a crise política é séria e os escândalos de corrupção que se acumulam só agravam a situação e ajudam a piorar a crise entre o Planalto e o Congresso.

Cautela – Mesmo gestoras de Wall Street especializados em ativos de maior risco nos emergentes, como a Greylock Capital Management, que administra 2 bilhões de dólares, mostram cautela com o Brasil. O diretor da gestora, Christopher Tackney, também ressaltou que a situação no país está complicada e diz que a deterioração ajuda a aumentar o movimento de diferenciação mesmo dentro da América Latina.

Em outros momentos no passado de maior incerteza do mercado, uma situação como a do Brasil levaria a fuga de recursos de toda América Latina, disse Tackney. Mas, agora os investidores diferenciam mais. A Colômbia, por exemplo, tem recebido recursos. Com uma série de problemas que se acumulam, “o Brasil tem questões, sobretudo fiscais, que, se não forem resolvidas, ficarão piores”, avalia o economista-chefe para América Latina do UBS, Rafael de la Fuente, que mediou o debate e levantou as questões sobre os problemas brasileiros.

(Com Estadão Conteúdo)

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