Nem promessa de reformas, nem Hering elevam Ibovespa, que fecha no zero
Cautela do mercado se soma à espera de balanços de empresas e CPI da Covid, que testará capital político do presidente Jair Bolsonaro
A cautela prevaleceu sobre os investidores nesta segunda-feira, 26. O Ibovespa encerrou no zero a zero, em leve variação de 0,05%, a 120.594,61 pontos. Durante o fim de semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, sinalizou que apresentará no dia 3 de maio a reforma tributária e que a reforma administrativa já começou a ser discutida. Após subir e encostar nos 121 mil pontos pela manhã, no entanto, o Ibovespa perdeu força e mostrou que, após tantas indas e vindas, o mercado recebe essas promessas sem confiança.
“Já faz um tempo que o Paulo Guedes vem falando das reformas, mas na prática isso não está acontecendo. O governo perdeu um pouco da sua credibilidade e vai precisar entregar um pouco mais que discursos”, diz Paulo Duarte, economista-chefe da Valor Investimentos. Títulos com vencimento em janeiro de 2026 tiveram leve queda nesta segunda-feira, de 0,87%, mas continuam em patamares altos, em 7,99%. Já para janeiro de 2031, os juros futuros estão em 8,86%, como reflexo do alto risco fiscal e os prêmios que o mercado cobra para investir no país.
À espera por balanços importantes, como da Vale, da CSN e da Movida, a cautela dos investidores se soma à CPI da Covid, cujo início será na terça-feira, 27, e que pode responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro sobre seu posicionamento durante a pandemia. “O mercado quer ver como o assunto vai ser colocado pelo relator da CPI para ver o tamanho do capital político que Bolsonaro vai precisar para se defender”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton.
Cenário político à parte, a Hering protagonizou as altas do Ibovespa nesta segunda-feira, 26, e encerrou em valorização de 26,19%, a 28,62 reais, após anúncio de que será incorporada pelo grupo Soma. Este, por sua vez, teve desvalorização de 10,14%, devido ao alto capital que será alocado na operação. Um cálculo realizado pelo J.P. Morgan estima que o valor de compra da empresa seria de 5,2 bilhões de reais.
O dólar comercial, por sua vez, encerrou no menor valor em mais de dois meses, a 5,4476 reais, queda de 0,92% em relação ao fechamento anterior. Em forte valorização em relação ao real desde o começo do ano, a queda representa uma leve correção da moeda brasileira.