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‘Não recebi telefonema com indicação política’, diz presidente do conselho da Vale

Daniel Stieler, presidente do conselho de administração da empresa, negou que Lula tentou interferir diretamente na escolha do novo CEO

Por Márcio Juliboni 27 set 2024, 06h00
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  • Stieler: “A governança prevaleceu no processo sucessório e sai fortalecida”
    Stieler: “A governança prevaleceu no processo sucessório e sai fortalecida” (./Divulgação)

     

    O que levou à escolha de Gustavo Pimenta? Gustavo se consolidou por sua excelente atuação como executivo. Nos últimos anos, ele conduziu processos relevantes com eficiência e foco em resultados. É um executivo com experiência internacional e tem habilidade de relacionar-se com o comitê executivo, o conselho de administração e os acionistas. Estou certo de que a Vale está em boas mãos.

    Como o conselho lidou com a pressão política do governo, que pretendia interferir na sucessão? Como presidente do conselho, posso afirmar que não houve pressão do governo. O conselho atuou de maneira independente, seguindo a governança estabelecida na companhia. Os únicos candidatos avaliados foram os selecionados pela Russell Reynolds, empresa de recrutamento com reconhecimento e atuação internacionais, como determina a governança da Vale. A escolha foi feita com base nas habilidades dos candidatos e nas competências e experiências exigidas.

    Em entrevista a VEJA, o ex-ministro Guido Mantega, que Lula queria emplacar, se disse indignado por não ser visto como alguém qualificado para o cargo. Seu nome foi proposto? Eu nunca recebi nenhum telefonema com indicação de candidato, e o conselho jamais debateu nenhum nome, além dos selecionados pela Russell Reynolds. Vimos e ouvimos muito ruído veiculado na imprensa, e não nos manifestamos porque entendemos que não havia motivos para tanto.

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    Estender o mandato de Bartolomeo, que venceria em maio deste ano, até dezembro foi visto por muita gente como um sinal de que a Vale estava cedendo a ingerências externas. O que houve? Decidimos buscar um novo CEO em março. Naquele momento, achávamos que precisaríamos de sessenta dias para contratar uma empresa de recrutamento. Além disso, seriam necessárias várias reuniões do conselho de administração para chegar ao escolhido. Isso adicionou alguns meses ao cronograma. Não houve nenhum viés político. Foi apenas um cronograma de trabalho.

    Por que a Vale antecipou a divulgação do executivo escolhido para a presidência executiva para agosto se tinha até dezembro? Nós não imaginávamos que o processo geraria tanto ruído. Então, adotamos uma série de protocolos para impedir o vazamento de informações e fizemos reuniões extraordinárias para acelerar o trabalho. Não pulamos nenhuma etapa. Em agosto, o conselho estava seguro de ter encontrado um bom executivo para o cargo, e o comunicamos ao mercado.

    Como o senhor avalia a renúncia de dois conselheiros, sendo que um deles acusou os demais de serem influenciados politicamente? Os ruídos são ruins, mas trabalhamos para preservar os interesses da companhia. Toda acusação que chegou ao colegiado foi apurada. Nenhuma foi considerada procedente. Tivemos uma investigação conduzida por um escritório independente, que concluiu pela diligência do processo. Quanto à acusação do conselheiro renunciante, sua resposta à interpelação da CVM já é bastante esclarecedora. Evidenciou que as potenciais acusações eram infundadas. A motivação das renúncias, a meu ver, só encontra respaldo em sentimentos particulares desses conselheiros. O nome de Gustavo Pimenta foi bem recebido pelo mercado. Trata-se de um executivo de classe mundial, sem qualquer viés político e conflituoso.

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    Essa foi a primeira troca de comando, após a Vale se tornar uma empresa de capital pulverizado. Isso complicou o processo? Pela primeira vez, a Vale teve um processo sucessório estruturado do começo ao fim. A governança prevaleceu e sai fortalecida. Debater e convergir opiniões de forma diligente, com o respaldo das melhores práticas de governança, foi desafiador e realizador. Eduardo Bartolomeo fez um excelente trabalho. Selecionar alguém para suceder-lhe foi um desafio. Buscamos alguém que continuasse seu legado e, ao mesmo tempo, iniciasse um ciclo de transformação em agendas importantes que criam valor para todos os stakeholders, como a estabilidade operacional com aumento de produção e inovação, a diversificação de portfólio com ênfase na descarbonização, o fortalecimento das relações institucionais e uma comunicação com mais proximidade.

    O que a Vale aprendeu nesse processo? Uma decisão dessa magnitude exige muito debate e surgem opiniões diferentes dentro do conselho, o que é positivo. Não há verdade absoluta. O debate exige tempo e apoio de consultores independentes. Como lição, eu destaco o aprimoramento do cronograma entre as etapas do processo, para não deixar o tema ser alvo de especulações. Mas o ponto mais relevante é que, pela primeira vez na sua história, a Vale faz uma transição ordenada entre CEOs.

    Dada a experiência de Pimenta na área financeira de grandes empresas, espera-se que sua gestão enfatize esses aspectos na Vale? Pimenta tem muitas habilidades, como a boa relação com todo o ecossistema da Vale. Ele provou ser muito hábil nos relacionamentos com esses stakeholders nas vezes em que foi testado. Essa competência é imprescindível para um CEO de uma mineradora que depende de concessões para seu negócio. Sua comunicação é muito objetiva, adapta-se fácil a todos os seus interlocutores e mostra-se sempre disponível ao diálogo. Ele sabe montar times de alta performance e desenvolver talentos. A Vale precisa e vai se comunicar melhor com a sociedade. Com o Gustavo, esperamos uma companhia muito mais aberta e próxima.

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    Publicado em VEJA, setembro de 2024, edição VEJA Negócios nº 6

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