Na 8ª revisão consecutiva, mercado sobe projeção do PIB para 4,85% em 2021
Expectativa de inflação cresce para 5,82%, acima do teto da meta; desequilíbrio entre oferta e demanda e alta das commodities mantêm pressão sobre os preços
O Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 14, apontou uma revisão positiva de 11,2% no crescimento do PIB em 2021 ante a projeção anterior. Na oitava alta consecutiva, o mercado estima que o país crescerá 4,85% neste ano, ante os 4,36% previstos na semana passada. O número vem em linha com o resultado do PIB no primeiro trimestre, divulgado há duas semanas pelo IBGE e que apontou uma alta de 1,2% nos primeiros três meses de 2021.
Baseado principalmente nas exportações de commodities para a China e para os Estados Unidos, o crescimento do PIB brasileiro mostra que estruturar a economia sobre a venda de produtos primários de origem vegetal e mineral, como soja e minério de ferro, é um bom negócio para o país em momentos de crise. A alta cotação do dólar em relação ao real contribui com este crescimento por beneficiar a balança comercial brasileira.
Nesta semana, o mercado diminuiu a previsão sobre a cotação do dólar para 2021, de 5,30 para 5,18 reais, mas ainda assim o real se mantém bastante desvalorizado em relação à moeda americana. Ainda que pressione a inflação, o baixo valor do real traz competitividade nas exportações brasileiras em relação aos seus concorrentes internacionais – entre eles o próprio Estados Unidos, que também exporta commodities para a China – e aumenta a rentabilidade dos produtores brasileiros.
A despeito do alto número de casos de infectados e de mortos pela Covid-19, o PIB brasileiro vem se beneficiando da reabertura econômica do país, com a volta do funcionamento dos setores de serviços e o avanço gradual da imunização da população.
Inflação
Os analistas do mercado subiram pela décima vez consecutiva a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nesta segunda-feira, 14, o boletim Focus aponta alta de 5,82%, um crescimento de 6,9% ante os 5,44% da última semana. O índice é composto por itens como bebida e alimentos, transporte e habitação, que continuam altamente desequilibrados com a volta repentina da atividade econômica após um ano de paralisação.
O IPCA de maio, divulgado na semana passada pelo IBGE, teve alta de 3,22% no acumulado do ano, com aumento de 7,76% em transportes, 4,08% em artigos de residência, 2,28% em alimentação e bebidas e 2,13% em habitação. No Boletim Focus, o mercado estimou uma leve alta do IPCA para 2022, de 3,70% na semana passada para 3,78% nesta semana. O PIB para o ano que vem, por sua vez, foi revisado para baixo, de 2,31% para 2,20%, e o câmbio caiu de 5,30 para 5,20 reais.