Por Marina Gazzoni
São Paulo – A construtora MRV, uma das cinco maiores do País, entrou no cadastro de empregadores flagrados com exploração de mão de obra em condições análogas à escravidão. A chamada �lista suja� foi divulgada na noite de segunda-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo o órgão, as empresas citadas no cadastro estão impedidas de contratar crédito em bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal.
A empresa é citada três vezes na lista, com irregularidades em obras de suas filiais de Bauru e de Americana, no interior de São Paulo, e de sua subsidiária Prime Incorporações, em Goiânia (GO). O cadastro contém 398 pessoas físicas e empresas, a maioria fazendeiros e companhias ligadas ao agronegócio. Segundo o Ministério do Trabalho, apenas nas obras de Americana e Bauru foram resgatados 68 trabalhadores em condições análogas à escravidão em 2011, a maioria deles trazidos de Estados do Nordeste por empresas terceirizadas que prestavam serviço em obras da MRV. Eles não tinham registro de trabalho e ficavam em alojamentos insalubres, sem �lençol, travesseiro ou cobertor�, disse o órgão.
A MRV é a maior empresa na lista do Ministério do Trabalho. Ela é a principal parceira da Caixa Econômica Federal no programa Minha Casa, Minha Vida – as obras dos empreendimentos recebem o financiamento do banco. Em 2011, lançou 42 mil unidades, 85% delas no programa. A Caixa Econômica informou ao Estado, que é signatária do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil. �Enquanto o problema que deu origem à inclusão (do nome da empresa no cadastro do Ministério do Trabalho) não for resolvido, o infrator fica impedido de ter acesso a novos créditos�, disse o banco. A praxe no banco é, segundo o comunicado, solicitar informações complementares sobre a ação fiscal que deu origem à inclusão do nome da empresa no cadastro antes de implementar as restrições.
A Caixa informou também que não tem novas propostas �em vias de ser contratadas com a MRV� e que os contratos antigos serão preservados. �As operações já contratadas não são objeto de restrições, uma vez que uma eventual paralisação de obras já iniciadas, além dos sérios prejuízos econômicos, resultaria, de pronto, em desemprego dos trabalhadores.�
A MRV disse, em comunicado, que �foi surpreendida� com a inclusão do seu nome da lista. �O Grupo MRV não tolera qualquer prática que configura trabalho precário dentro do seu quadro de empregados e de seus fornecedores�, informou a empresa.
A empresa ressaltou que, �mesmo não concordando com os apontamentos feitos na fiscalização� das obras citadas, �sanou tudo que foi identificado� pelos fiscais do trabalho na ocasião. A empresa disse que tomará �todas as medidas cabíveis� para excluir seu nome da lista. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.