Paris, 21 nov (EFE).- A agência Moody’s lançou nesta segunda-feira um novo aviso à França por um possível rebaixamento de sua qualificação caso persistam os altos custos de financiamento de sua dívida, unidos às perspectivas econômicas negativas.
A dívida da França possui atualmente nota máxima (Aaa). A perda do índice poderia ser causada por ‘custos de financiamento elevados e persistentes que poderiam aumentar as dificuldades do Governo francês, junto a uma perspectiva de crescimento que se deteriora’, afirmou a Moody’s em seu estudo semanal de perspectivas de crédito.
A agência lembrou que na última semana o prêmio de risco da dívida francesa comparada com a alemã, considerada referência, superou os 200 pontos básicos, recorde desde a criação da zona do euro.
Para a Moody’s, um aumento de 100 pontos básicos nos juros que a França tem que pagar por sua dívida supõe um custo suplementar de 3 bilhões de euros anuais para o Estado.
A agência afirma que com a previsão de uma progressão do Produto Interno Bruto (PIB) limitada a 1% em 2012 e maiores despesas para financiar a dívida, será dificultado o objetivo de reduzir o déficit do país.
Os autores do relatório advertiram que o ajuste na França aumenta ‘uma pressão fiscal já elevada’ que pode ‘comprometer’ o crescimento econômico e gerar ‘a necessidade de mais austeridade fiscal’.
Nessa mesma linha, indicaram que as medidas tomadas em escala europeia podem afetar os bancos e reduzir sua capacidade para financiar a economia francesa, além das eventuais implicações se o Executivo tiver que comparecer em ajuda de algumas dessas entidades financeiras.
Moody’s já tinha lançado uma primeira advertência à França em outubro, ao prevenir que nos três meses seguintes ia examinar a possibilidade de modificar sua qualificação, dependendo da forma como o Governo ia aplicar as medidas de reforma econômica, e possíveis evoluções adversas da economia e dos mercados.
A perda da máxima qualificação da França alteraria a paisagem na Europa e colocaria em interdição o equilíbrio no eixo franco-alemão, motor da ação na crise da zona do euro.
Os apontamentos da agência de qualificação sobre a França pesaram no ânimo da Bolsa de Paris, que já abriu em baixa e teve um agravamento da evolução negativa durante toda a manhã.
Pouco depois das 12h30 no horário local (9h30 em Brasília), o índice CAC-40 perdia 2,64% e foram registradas grandes quedas no setor bancário: BNP Paribas (5,04%) e Société Générale (4,86%). EFE