O economista Mario Monti foi empossado neste domingo pelo presidente da Itália para formar um novo governo de coalizão, que ficará encarregado de combater a crise que deixou o país à beira da falência.
Imediatamente, o novo líder italiano pediu ao povo um “esforço coletivo” para resgatar sua economia.
Monti substitui o multimilionário Silvio Berlusconi, que renunciou no dia anterior ante vaias de centenas de italianos que foram às ruas para celebrar sua partida.
Em suas primeiras declarações à imprensa após a designação oficial do Presidente da República, Giorgio Napolitano, Monti reconheceu que a Itália precisa superar o desafio do resgate.
“A Itália deve voltar a limpar sua economia e retomar o caminho do crescimento tendo em conta a equidade social. É algo que devemos a nossos filhos, a quem devemos dar um futuro concreto com dignidade e esperança”, disse ele.
A União Europeia (UE) felicitou a nomeação de Monti, o que chamou de “um sinal de determinação das autoridades italianas para superar a crise atual”.
“A Itália deve tornar-se principalmente um elemento de força e não de fraqueza da UE, grupo que ajudamos a fundar”, disse Monti.
A nomeação do renomado economista, que há dez anos era um comissário europeu conhecido por seu rigor, deve pôr fim à fase de instabilidade financeira e aliviar o assédio dos mercados, que na semana passada deixou a Itália à beira do naufrágio.
O pragmático economista deve completar em poucos dias a lista de ministros, provavelmente tecnocratas, para promover enfim as medidas acordadas com a UE para reduzir a enorme dívida pública e reativar uma economia estagnada há uma década .
Na segunda-feira Monti já enfrente seu primeiro teste de mercado, através da emissão de títulos do governo para o pagamento da dívida.
Preocupado, o presidente Napolitano, um político veterano de 86 anos que foi líder do Partido Comunista italiano antigo, concluiu em tempo recorde a rodada de consultas com as forças políticas para a nomeação de Monti.
Já Berlusconi afirmou neste domingo que tudo que fez nos últimos três anos e meio de governo foi pelo bem da Itália e prometeu que vai continuar na política para contribuir para a “renovação” das instituições italianas.
“Eu não desistirei até que tenha renovado a arquitetura do Estado”, disse ele, descartando sua aposentadoria após a despedida humilhante no sábado.
As grandes forças políticas italianas deram o seu consentimento para a formação do governo, incluindo o Partido Democrata (PD, esquerda).
“Somos a favor de um governo completamente novo, com técnica, que vai levantar a Itália”, disse Pierluigi Bersani, secretário-geral da maior formação de esquerda.
“Temos consenso sobre a designação Monti”, disse Angelino Alfano, secretário do Povo da Liberdade (PDL), partido fundado por Berlusconi, que impôs algumas condições para o apoio.
“Os compromissos assumidos por Berlusconi com a Europa para superar a crise devem ser a base do programa de governo”, exigiu Alfano.
Monti precisará de toda sua credibilidade para enfrentar a crise de confiança que abalou a Itália, devido à sua colossal dívida de 1,9 trilhão de euros (120% do PIB), além de um crescimento quase nulo.
“A estrada é íngreme, você não pode cometer erros”, disse um editorial do influente jornal Il Corriere della Sera.
Embora a formação do novo governo conte com o apoio da comunidade internacional, incluindo a do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e do presidente da França, Nicolas Sarkozy, nem todos na Itália apoiaram sua nomeação.
Para alguns analistas e para a oposição da Liga dos Populistas do Norte, alguns setores sociais serão os mais afetadas pelo plano de ajuste.