Montadora chinesa terceiriza metalúrgicos desde janeiro
Fábrica da Chery, em Jacareí (SP), tem cerca de 60 metalúrgicos terceirizados dos setores de logística e manuseio
Apesar de a regulamentação da terceirização para atividade-fim ainda não ter sido aprovada no Congresso Nacional, há indústrias no Brasil que já recorrem ao mecanismo. Uma delas é a fábrica da montadora chinesa Chery, em Jacareí (SP). Na unidade, cerca de 60 metalúrgicos dos setores de logística e manuseio são terceirizados desde janeiro, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.
O presidente da entidade, Antônio Ferreira Barros, o Macapá, conta que os trabalhadores foram contratados com carteira assinada em agosto do ano passado, quando a unidade foi inaugurada. Em janeiro, porém, a direção da montadora demitiu esses funcionários, que foram recontratados por uma empresa terceirizada chamada “DMS”, por meio da qual prestaram o mesmo serviço que faziam antes na fábrica.
“Eles alegaram que tinham de ter gente especializada. Mas, na verdade, queriam pagar salários mais baixos”, afirmou Macapá. Segundo ele, quando tinham carteira assinada, os metalúrgicos ganhavam, em média, cerca de 1,2 mil reais. Agora, a montadora estaria pagando aproximadamente 920 reais. Apesar da mudança salarial, o sindicalista diz que esses funcionários têm direito aos benefícios de alimentação e transporte que recebiam antes na unidade.
Ao contrário do que diz o sindicato, a Chery afirma que “não pratica a terceirização de atividade-fim”. “Todos os postos terceirizados estão de acordo com a legislação vigente, o que inclui a contratação da empresa DMS”, declarou em nota enviada pela assessoria de imprensa. A montadora considera as atividades de logística e manuseio como “atividades acessórias”, “ou seja, de apoio à atividade-fim da Chery, que é produzir carros”. A companhia não comentou outras declarações do sindicato.
A terceirização ilegal nesses setores, considerados pelo sindicato como atividade-fim, é um dos motivos que levou os metalúrgicos da Chery a deflagrar greve por tempo indeterminado em 6 de abril.
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Anfavea – Em entrevista recente, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, declarou apoio da entidade ao projeto da terceirização aprovado na Câmara. Ele afirmou, contudo, que a decisão de terceirizar metalúrgicos quando o projeto for sancionado será de cada montadora.
(Com Estadão Conteúdo)