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Ministro diz que vai pedir suspensão das demissões na Volks

Em troca dessa suspensão dos cortes, os 13 mil funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo suspenderiam a greve, que completa, nesta terça-feira, uma semana

Por Da Redação
13 jan 2015, 17h20

Após reunião de pouco mais de uma hora no Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, disse ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, que entrará em contato com a direção da Volkswagen para pedir a suspensão das 800 demissões previstas para fevereiro para que trabalhadores e montadora retomem as discussões sobre a reestruturação do acordo vigente desde 2012 e que garantia estabilidade do emprego até março de 2017. Na semana passada, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, também havia se manifestado contra as demissões e chegou a cobrar a montadora publicamente.

De acordo com Marques, essa foi a “decisão mais imediata” prometida pelo ministro para tentar solucionar o problema das demissões. Em troca dessa suspensão dos cortes (prometidos pela montadora para fevereiro), os 13 mil funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo suspenderiam a greve, que completa, nesta terça-feira, uma semana. Outro pedido feito pelo sindicato foi de que o governo “diga que é possível estruturar” o Programa Nacional de Proteção ao Emprego no primeiro trimestre deste ano.

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“Ele (Rossetto) disse que faria contato com a direção da Volks e com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). O ministro concordou conosco de que a melhor saída para esse conflito seria suspender as demissões e a gente retomar a negociação sobre a reestruturação do acordo”, afirmou. Segundo o presidente do sindicato, a última proposta de adequação feita pela empresa foi recusada pelos funcionários em assembleia realizada no dia 2 de dezembro.

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De acordo com a assessoria da Volkswagen, a proposta previa o “aditamento” do acordo atual, revendo as “condições estabelecidas e propondo novas com foco na melhoria de competitividade da fábrica frente ao cenário atual de mercado e as projeções para 2015”. Entre as mudanças, estaria a “continuidade” de formas de adequação de efetivo por meio de programas de demissão voluntária e de suspensão de contratos de terceirização para alocação de parte do pessoal excedente. Em contrapartida, a montadora “modificava” na proposta as regras de reajustes de salários e participação nos resultados.

Em nota à imprensa, a montadora confirmou que foi procurada por representantes do governos federal, estadual e municipal e informou que “retomou”, na tarde desta terça-feira, reuniões com o sindicato “com vistas a estabelecer condições para um futuro sólido e sustentável” para a unidade de São Bernardo. O encontro começou por volta das 16 horas. Para o presidente do sindicato, contudo, é “temerário” afirmar que esse primeiro encontro represente o retorno das negociações sobre o acordo que garante estabilidade do emprego.

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Setor em crise – As demissões no setor automotivo tiveram início em 2014, com o fechamento da fábrica da GM em São José dos Campos e os 650 desligamentos na Peugeot-Citroen na planta de Porto Real, no Rio de Janeiro. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o emprego na indústria de transporte, onde as montadoras se inserem, recuou 5% entre janeiro e outubro de 2014, que é o dado mais recente apurado pelo Instituto.

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Com as vendas de veículos em queda, a produção também foi afetada (caiu 15% no acumulado do ano passado até novembro) e as empresas se ajustam para enfrentar um ano difícil. A previsão de crédito mais caro e escasso também é contabilizada na matemática das montadoras.

As demissões na Volks e na Mercedes-Benz, apesar de esperadas, são emblemáticas. As centrais sindicais se armam em protesto contra as empresas e, em última instância, contra o governo. A presidente Dilma foi autora de um dos pacotes mais nocivos para a indústria brasileira durante seu mandato: o Inovar-Auto, que previa a elevação de imposto para automóveis importados e a exigência de conteúdo nacional para estimular a cadeia produtiva no Brasil. Como se tratava de uma demanda antiga das montadoras nacionais, ficou acertado entre governo, empresários e centrais sindicais que a moeda de troca para os benefícios era não haver demissões no setor.

Com o passar dos anos, a desaceleração econômica acabou expondo inúmeras ineficiências da política econômica da presidente reeleita: uma delas foi a ineficácia do programa Inovar-Auto. Ele não barateou os carros fabricados no Brasil e tampouco foi suficiente para blindar a indústria de solavancos macroeconômicos.

Agora, com as demissões nas empresas que mais receberam benefícios do governo ocorrendo justamente após as eleições, as centrais sindicais se mobilizam em fúria. Afinal, acionaram seus militantes para eleger a presidente Dilma pensando no bem-estar da classe. Percebem, agora, que foi tudo em vão.

(Com Estadão Conteúdo)

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