Buenos Aires, 19 jan (EFE).- O Governo argentino assegurou nesta quinta-feira que o superávit que o Brasil tem no comércio entre os dois países não autoriza Brasília a fazer críticas sobre o estado vizinho.
O ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, durante visita aos Estados Unidos, assegurou que as relações comerciais com a Argentina sempre foram um problema para o Brasil.
‘Temos boas relações políticas, mas economicamente é difícil lidar com eles’, disse o dirigente.
Diante dessas declarações, a ministra da Indústria, Débora Giorgi, respondeu em comunicado que a ‘realidade do comércio bilateral entre Argentina e Brasil não permite os comentários’ de Pimentel.
O Ministério de Indústria argentino lembrou que a Argentina representou 19,5% do superávit comercial do Brasil em 2011, e que o déficit do país no comércio com o vizinho foi de US$ 5.800 bilhões. Além disso, no ano passado, as importações argentinas do Brasil aumentaram 23%.
‘Nas relações comerciais com o Brasil, tanto bilaterais como no âmbito do Mercosul, sempre seguimos as pautas normativas dos tratados regionais e as normas da Organização Mundial do Comércio’, garantiu Giorgi.
A ministra afirmou ainda que seu país ‘procura reequilibrar o comércio e a industrialização regional, requerendo acesso ao mercado brasileiro e pedindo a eliminação das inúmeras barreiras para-tarifárias’, que, segundo ela, são aplicadas para a entrada de produtos argentinos no Brasil.
‘Defendemos nossa produção da concorrência desleal implícita nos incentivos à produção, à exportação e aos investimentos’, acrescentou.
Após o início da crise econômica internacional, em meados de 2008, a Argentina iniciou diversos mecanismos comerciais para proteger sua produção local, como a implementação de licenças não automáticas para a importação e acordos com setores-chave, como o automotivo, para equilibrar importações com exportações.
Além disso, a Argentina criou um novo regime para as importações de bens de consumo, mediante o qual se deve informar previamente a realização das compras, que serão avaliadas por vários escritórios governamentais.
Ao ser consultado nesta quinta-feira em entrevista coletiva sobre as declarações de Pimentel, o titular da Administração Federal de Receita Pública da Argentina, Ricardo Echegaray, disse que os dados do comércio ‘mostram um crescimento das importações do Brasil’.
O funcionário lembrou que existe uma resolução do Mercosul de 2004 que permite seus sócios a solicitar informação antecipada sobre as importações, o que a Argentina passará a fazer a partir de 1º de fevereiro. EFE