México e Brasil chegaram a um acordo para superar as divergências sobre o comércio de automóveis, comprometendo-se a colocar tetos em suas exportações do setor durante três anos, informou a secretaria mexicana de Economia nesta quinta-feira.
“Para o primeiro ano, o montante de exportações será de 1,45 bilhão de dólares, e o mesmo aumentará no segundo e terceiro ano para 1,56 bilhão de dólares e 1,64 bilhão de dólares, respectivamente”, detalhou esse órgão em comunicado.
O acordo foi fechado durante as negociações promovidas na quarta-feira pela delegação mexicana, liderada pelo secretário da Economia, Bruno Ferrari; e a do Brasil, com o ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel.
Uma vez terminado o período de três anos “continuarão sendo aplicadas todas as disposições do (acordo) ACE 55 como até agora; ou seja, haverá livre comércio para veículos leves”, completa o texto.
O Brasil tinha proposto a revisão do Acordo de Complementação Econômica (ACE) 55, assinado em 2002 entre as duas maiores economias da América Latina, para que estabelecesse uma cota para as exportações mexicanas e assim corrigir um déficit da balança comercial entre os dois países de 1,7 bilhão de dólares a favor do México.
O Brasil registra um aumento sensível de suas importações devido à apreciação do real, o que tirou competitividade de sua indústria.
O governo brasileiro aumentou as tarifas alfandegárias para os automóveis importados, mas em virtude do acordo de 2002 não pôde fazer o mesmo com os produtos mexicanos.
As exportações de automóveis do México para o Brasil aumentaram quase 40% em 2011. O comércio entre os dois países atingiu cerca de 8,5 bilhões de dólares, 40% correspondente ao setor automotor.
“O México esteve disposto a escutar e considerar seu parceiro comercial para fazer frente aos problemas impostos pela situação econômica internacional, sempre acompanhado e escutando a indústria automotiva mexicana”, completa o comunicado.
Depois da divulgação desse acordo, Eduardo Solís, presidente da Associação Mexicana da Indústria Automotora (AMIA), enfatizou a necessidade de que os limites às exportações só sejam aplicados por três anos.
“Assim terá que ser, porque disso depende o fluxo de investimentos e a manutenção dos empregos no México”, disse Solís à imprensa.
Outros detalhes do protocolo fechado por México e Brasil estabelecem que, quanto “ao conteúdo regional de veículos leves, concordou-se em aumentar de 30% para 35% ao longo do primeiro ano e a partir do quinto ano aplicar 40%”.
Sobre os veículos pesados, o documento informou que serão realizadas consultas para alcançar um acesso recíproco e a homologação das normas técnicas e ambientais.
México e Brasil concordaram também que durante o primeiro semestre de 2012 haverá missões empresariais dos dois países para fortalecer o comércio bilateral.