Mesmo com novo reajuste, preços de gasolina e diesel seguem defasados
Associação diz que preço praticado pela Petrobras inviabiliza importação e vê risco elevado de desabastecimento do mercado em dezembro
Os reajustes para os preços da gasolina e do diesel anunciados na última segunda-feira, dia 25, por parte da Petrobras, não serviram para “zerar” a defasagem nos valores praticados nas refinarias brasileiras em relação aos preços internacionais. Segundo as contas da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, a Abicom, a gasolina segue, nesta sexta-feira 29, acumulando uma defasagem de 21 centavos ao litro, enquanto o litro do diesel aponta para um desnível de 32 centavos frente aos valores praticados no mercado internacional. A declaração da entidade vai de encontro à pressão pública que a empresa tem sofrido por parte do presidente Jair Bolsonaro, do Congresso e de caminhoneiros, que convocaram greve para a próxima segunda-feira, dia 1º.
Com o reajuste, o preço médio do litro da gasolina comercializada nas refinarias passou a 3,19 reais, avanço de 19 centavos em relação ao praticado anteriormente. Já o litro do diesel hoje é faturado, em média, a 3,34 reais, aumento de 28 centavos. Segundo Sergio Araújo, o presidente da Abicom, o patamar desajustado praticado pela Petrobras acaba prejudicando os importadores de combustíveis que atuam no mercado brasileiro. “A defasagem continua e ainda está elevada. Isso inviabiliza as importações do produto. Mesmo com o preço reajustado, a Petrobras ainda comercializa o produto muito abaixo do preço do mercado internacional”, diz ele.
“A Petrobras, ao contrário do que era no passado, até 2017, não reina sozinha no mercado. Existe concorrência no mercado através das distribuidoras. Quando ela não reajusta o preço e acumula defasagem, os importadores saem do mercado e a Petrobras inclusive é obrigada a importar mais para atender a demanda. E, nesse caso, acaba acumulando prejuízo”, diz um ex-diretor da companhia. “Agora, por outro lado, se a Petrobras subir muito o preço, os importadores acabam tomando parte do mercado. As três maiores distribuidoras são empresas grandes”, reitera ele, que arremata defendendo a privatização das refinarias para que haja maior competitividade no setor e que se dissipe as dúvidas em relação à política de preços praticada pela companhia.
Fora isso, a Petrobras comunicou, na última semana, que, devido à “demanda atípica”, não poderá atender todos os pedidos de fornecimento de combustíveis para novembro, que teriam vindo acima de sua capacidade de produção. O anúncio, segundo Araújo, acende um sinal de alerta para as importadoras e distribuidoras e pode gerar desabastecimento de combustíveis no país no mês de dezembro, que é crucial para a retomada da economia. “Para dezembro, é importante que a Petrobras diga exatamente quais são os volumes que as suas refinarias vão conseguir entregar para as distribuidoras para que elas tenham tempo hábil para comprar o produto de fornecedores alternativos. Senão, há um grande risco de termos desabastecimento no país”, reitera. “Se faltar produto em dezembro vai ser complicado para a economia, porque é um mês de demanda forte, de muita movimentação de mercadoria.”