Mesmo com novo governo, Brasil ainda pode ter rating rebaixado
Nesta sexta, agência Fitch manteve a nota de crédito país em 'BB', com perspectiva negativa, o que deixa aberta a possibilidade de novo rebaixamento
A agência de classificação de risco Fitch decidiu nesta sexta-feira manter a nota de crédito (rating) do Brasil em “BB”. A perspectiva segue negativa na avaliação da agência, o que significa que o país segue ameaçado de, nos próximos 90 dias, ser mais uma vez rebaixado – mesmo com novo governo.
Segundo a agência, a perspectiva negativa reflete grandes desequilíbrios fiscais e a dinâmica adversa da dívida do governo, além da incerteza quanto à implementação de reformas fiscais que buscam melhorar a estabilização da dívida. “Apesar da recente diminuição da incerteza política, revezes na agenda fiscal do Executivo no Congresso não podem ser descartados, o que por sua vez poderia prejudicar a confiança e aumentar os riscos de baixa em nossos cenários-base econômico e fiscal”, justificou a empresa.
A Fitch diz que os desafios fiscais persistem no Brasil, com o governo adotando um gradual processo de consolidação fiscal, tendo como meta um déficit primário no setor público de cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 e a volta ao superávit apenas em 2019.
A agência diz que o rating do Brasil tem, pelo lado positivo, diversidade econômica do país e sua renda per capital relativamente alta, além do câmbio flexível e de reservas internacionais robustas. Por outro lado, ela aponta também fraquezas nas finanças públicas, alto endividamento do governo e fraca perspectiva de crescimento. Alguns desses desafios foram exacerbados pelas investigações de corrupção “em larga escala” no passado recente.
Para 2016, a Fitch prevê retração do PIB de 3,3%. Nos próximos dois anos, deve haver crescimento, segundo a agência: de 1,2% em 2017 e 2,2% em 2018.
A nota dada pelas agências de classificação é a avalizção que elas fazem sobre a capacidade de empresas e países cumprirem seus compromissos com credores. Quanto mais alta a nota, menos arriscado é o país ou a empresa- que, assim, paga menos juros em seus empréstimos.