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Mercado não muda previsão para IPCA no ano, mas já mira 2013

IPCA em abril vem acima da expectativa, mas não altera aposta em desaceleração para 2012. Contudo, incentivos do governo reforçam crença de que Selic terá de subir para conter inflação no ano que vem

Por Naiara Bertão
9 Maio 2012, 11h55

Economistas ouvidos pelo site de VEJA esperam preços menores em 2012 que 2011, na faixa de 5% a 5,2%

A inflação de abril, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), veio um pouco acima do que economistas ouvidos pelo site de VEJA previam. Com altas maiores que as esperadas nos custos de remédios, cigarros e empregados domésticos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,64% em abril contra 0,21% em março – acima dos 0,58% esperados por analistas ouvidos pelo Banco Central (BC) na últimas semana (Relatório Focus). Economistas, porém, ainda veem para este ano uma alta de preços em nível inferior ao do ano passado, quando o IPCA fechou em 6,5%, no teto da meta de inflação do governo. A explicação é que, a despeito do indicador elevado em abril, a alta dos preços segue em desaceleração no acumulado em doze meses. Analistas ouvidos pelo site de VEJA apostam que eles continuarão assim até o final do ano. A partir do terceiro trimestre, a economia deve começar a sentir os efeitos das medidas de incentivo do Palácio do Planalto – sobretudo a redução da Selic e o incentivo para que bancos públicos e privados reduzam os juros aos clientes finais, ampliem as concessões e alonguem os prazos. Este fato reforça a análise de que o IPCA deve voltar a preocupar somente em 2013. A taxa básica de juros, apostam os economistas, terá de voltar a subir, de modo a terminar o próximo ano em 10%.

Cigarros e remédios – Daniel Lima, economista da Rosenberg & Associados, explica que a elevação dos preços de cigarros e remédios já era esperada porque ambos os itens sofreram reajustes que passaram a vigorar em abril. No caso de cigarros, como houve acréscimo de 25% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no setor, os preços subiram 15,04% no quarto mês do ano. Já os medicamentos sofreram reajuste médio de 4,69% no mês passado. “Houve também impacto sazonal do vestuário por conta da troca de coleção”, lembra a analista do Santander Tatiana Pinheiro. Depois de uma deflação de 0,61% em março, o grupo marcou inflação de 0,98% no mês seguinte. Ambos os especialistas aguardavam uma elevação de 0,60% no IPCA em abril.

Os preços administrados – aqueles que não são livremente negociados pelos consumidores – também tiveram impacto importante no índice. Algumas cidades sofreram aumento nas tarifas de água e esgoto, eletricidade e gás. Os alugueis e condomínios também subiram no mês mais do que em março, passando de 0,45% de alta anteriormente para 0,82% (aluguel) e 0,48% para 1,01% (condomínio).

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Fábio Romão, economista da LCA Consultores, que apostava em um IPCA de 0,59% em abril, destaca que a sazonalidade de alguns produtos, tais como o feijão, batata inglesa, açucares e leite e derivados, também influenciou o indicador mensal. Na comparação com março, a variação do grupo alimentação e bebidas foi o dobro, passando de 0,25% para 0,51%. “Mesmo assim, vale lembrar que a inflação acumulada é menor neste ano que a do ano passado, o que indica que teremos um 2012 de desaceleração”, explica.

Expectativa para 2012 – Segundo o IBGE, nos quatro primeiros meses do ano, a alta dos preços atingiu 1,87%, bem abaixo do apurado em igual intervalo do ano passado, quando a alta foi de 3,23%. No acumulado dos últimos doze meses, o aumento ficou em 5,10%, também inferior aos 5,24% dos doze meses imediatamente anteriores.

“As pessoas confundem, mas o que levou o Banco Central a baixar, por exemplo, a taxa de juros [Selic] desde agosto de 2011 é a atividade econômica menor, e não a inflação maior. Em outras palavras, os preços neste ano devem ficar mais comportados”, afirma Romão, que projeta um IPCA de 4,8% na média anual. Ele lembra também que a própria renda das famílias está mais comprometida em 2012 com parcelas de bens duráveis, o que leva as pessoas a adiarem seus gastos com semiduráveis (roupas e calçados, por exemplo).

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De olho em 2013 – Tatiana, do Santander, conta ainda que os incentivos dados pelo governo à atividade econômica – principalmente, a política de incentivo à redução de juros e expansão do crédito – só começarão a serem vistos a partir de agosto. Com isso, a inflação deve ser mais impactada no final do ano e, especialmente, no ano que vem. A economista acredita em alta de 5% nos preços para este ano, com desaceleração no acumulado em 12 meses e diminuição do peso dos reajustes e sazonalidades.

Daniel Lima, da Rosenberg lembra que o item educação, que comumente pesa no índice, diminuirá sua influência por causa da mudança na estrutura de ponderação do IPCA. A partir de janeiro, o IBGE passou a contar em sua medição com a nova Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), de 2008/2009, atualizada a cada cinco anos com os novos hábitos de consumo das famílias brasileiras e que diminuiu o peso do grupo educação na cesta de gastos.

“O IPCA, que no ano passado fechou em alta de 6,5%, na nova ponderação teria ficado em 6,1%”, ilustra Lima. Ele vê uma inflação média em 2012 na casa de 5,2%. “O IGPM [Índice Geral de Preços – Mercado], que reajusta os alugueis também aumentou menos em 2011 em comparação a 2010, o que se traduz em aumento de alugueis mais fracos do que no ano passado”, acrescenta.

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Para 2012 e 2013, a meta central de inflação do Banco Central continua em 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. Segundo os economistas ouvidos pelo BC na última semana, a expectativa é de alta de 5,12% nos preços em 2012 e 5,56% em 2013, conforme o relatório Focus da última segunda-feira.

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