SÃO PAULO (Reuters) – A quarta maior montadora de veículos do Brasil, Ford, estima um crescimento das vendas do mercado brasileiro de 4 a 5 por cento no próximo ano, para cerca de 3,8 milhões de unidades, depois de 2011 em que o resultado sinaliza um desempenho ligeiramente abaixo do esperado pelo setor.
A expectativa divulgada nesta quinta-feira pelo presidente da Ford para Brasil e Mercosul, Marcos de Oliveira, contrasta com um cenário de crescimento de 1 a 2 por cento comentado mais cedo pelo presidente da General Motors para América do Sul, Jaime Ardila, que viu a turbulência financeira internacional como motivo de preocupação para a economia brasileira.
“Esperamos um crescimento mais alinhado com o PIB, de 4 a 5 por cento”, afirmou Oliveira a jornalistas em evento de distribuidores de veículos.
“Com o governo agora eliminando restrições a financiamentos de longo prazo, esse consumidor (de renda mais baixa) volta a ter financiamento”, disse o Oliveira em referência à retirada das medidas macroprudenciais adotadas pelo governo no final de 2010 para resfriar o setor.
A avaliação de Oliveira é semelhante ao do presidente da associação que reúne as concessionárias de veículos do Brasil (Fenabrave), Sérgio Reze, que, por ora, estima alta de cerca de 3 por cento das vendas no mercado interno em 2012, próximo do comportamento do PIB.
“O mercado brasileiro se estabilizou no patamar de vendas de 280 mil a 300 mil carros por mês, e isso não deve mudar enquanto não surgir nenhum desastre adiante”, disse Reze a jornalistas após a palestra de Oliveira.
O executivo da Ford afirmou que o crescimento de 12 por cento visto pelo setor em 2010 “não era sustentável” e comentou que a companhia estima para o Brasil em 2011 vendas no mercado interno entre 3,61 milhões e 3,65 milhões de veículos novos, ligeiramente abaixo da previsão da associação que reúne as montadoras do país (Anfavea), de 3,69 milhões de unidades.
Segundo Oliveira, o cenário de crise financeira na Europa não afeta diretamente o Brasil por causa do desempenho da economia do país. Ele disse também que a desaceleração sentida pelo mercado nas vendas do segundo semestre em relação aos primeiros meses do ano deveu-se às medidas macroprudenciais do governo, que começaram a ser retiradas.
O executivo reafirmou o plano da Ford de renovar 100 por cento de sua linha de veículos no Brasil com plataformas compartilhadas pela marca globalmente -para cortar custos e ganhar competitividade- até 2015. O plano envolve investimento de 4,5 bilhões de reais.
“A agenda prioritária nossa é focar na melhora da competitividade (…) participação de mercado não é nossa prioridade número 1, mas crescer em volumes (de vendas) de forma rentável”, disse.
(Por Alberto Alerigi Jr.)