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Melhora da economia não deve limitar queda do juro

Por Da Redação
16 jan 2012, 10h20

Por José de Castro

SÃO PAULO, 16 Jan (Reuters) – A economia brasileira voltou a crescer em novembro, interrompendo uma sequência de três quedas seguidas, mostraram dados do Banco Central nesta segunda-feira, mas investidores acreditam que ainda é cedo para afirmar que a melhora na atividade reduz as chances de um corte do juro em março, uma vez que as apostas para a decisão desta semana são consensuais em torno de um corte de 0,5 ponto percentual.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), subiu 1,15 por cento em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal. A divulgação do indicador, antes da abertura dos mercados nesta segunda-feira, foi antecipada pelo Banco Central, pois estava prevista para a próxima quarta-feira, às 12h30.

O número veio acima da taxa de 0,85 por cento prevista por economistas consultados pela Reuters, de acordo com a mediana das previsões.

O dado de outubro, no entanto, foi revisado para baixo, mostrando agora queda de 0,50 por cento, ante baixa de 0,32 por cento na leitura anterior.

No acumulado de 2011 até novembro, a alta do IBC-Br ficou em 2,88 por cento, enquanto o crescimento em 12 meses foi de 3,04 por cento.

“O número veio bom, acima do esperado, mas acho que ainda não dá para afirmar que deve diminuir as chances de um corte (no juro) em março”, afirmou o economista da CM Capital Markets, Mauricio Nakahodo, acrescentando que o dado de novembro não deve influenciar a decisão do BC na próxima quarta-feira.

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Na visão de Nakahodo, é preciso analisar os próximos indicadores econômicos para avaliar se a atividade continua acelerando neste início de trimestre ou se já demonstra sinais de desaceleração. “Por enquanto, o mercado vai continuar dividido entre uma redução de 0,25 (ponto) e 0,5 em março”, afirmou.

O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia na terça-feira o encontro que decidirá no dia seguinte o rumo da Selic, juro básico da economia. Com base no relatório Focus e na curva futura de juros, o mercado financeiro prevê um corte de 0,5 ponto percentual, que levaria a taxa -hoje em 11 por cento- para 10,5 por cento, menor nível desde julho de 2010, quando estava em 10,25 por cento.

A dúvida de investidores recai sobre as próximas duas reuniões, em março e abril. O relatório Focus mostra mais duas quedas de 0,5 ponto cada, mas a curva futura de DI indica um mercado ainda dividido entre um corte de 0,25 ponto e de 0,5 ponto, e sem expectativa de redução na taxa no restante do ano.

Em uma pesquisa da Reuters, a maioria dos analistas consultados -20 dos 31- espera que a Selic caia a 9,50 por cento, com mais dois cortes de 0,50 ponto percentual nas reuniões de março e abril na maioria dos cenários. Sete esperam Selic a 10 por cento, três preveem juro a 9 por cento, e 1 estima juro a 11 por cento.

De acordo com o relatório Focus do BC, o mercado espera que a economia tenha crescido 2,84 por cento, segundo a mediana das estimativas. Se confirmado, o número marcará uma forte desaceleração ante o crescimento de 7,5 por cento registrado em 2010.

O IBC-Br incorpora variáveis para o desempenho dos três setores básicos da economia: agropecuária, indústria e serviços. Devido a essa abrangência, o cálculo mensal do BC antecipa um indicador similar ao PIB, soma das riquezas produzidas no país e medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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No terceiro trimestre, o PIB brasileiro ficou estagnado ante os três meses anteriores, levando o governo a anunciar um pacote de medidas para dar novo estímulo à economia, sobretudo pelo canal do consumo das famílias, que nos últimos anos tem sustentado o crescimento e que registrou queda entre julho e setembro.

O BC também agiu para dar suporte à atividade ao iniciar em agosto um ciclo de afrouxamento monetário, surpreendendo parte dos agentes e utilizando como justificativa as incertezas no cenário internacional. Desde então, a autoridade monetária já cortou o juro em três ocasiões, cada uma em 0,5 ponto, em meio à desaceleração na economia brasileira diante do agravamento na crise de dívida na Europa.

Para a economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro, o IBC-Br de novembro confirma expectativas de que a economia brasileira deve ter se recuperado no quarto trimestre de 2011. Ela pondera, no entanto, que para efeito de política monetária o BC deve analisar mais números e monitorar os desdobramentos do cenário internacional.

“Esse BC demonstra preocupação clara com a atividade econômica, então acho prematuro dizer que a recuperação da economia no final do ano passado pode segurar a queda dos juros. O BC está olhando o cenário externo, e por lá ainda há muitas incertezas”, afirmou.

A Tendências Consultoria projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha crescido 0,5 por cento no quarto trimestre e fechado 2011 com alta de 2,8 por cento. A Tendências acredita ainda que o BC implementará três cortes de 0,5 ponto sobre a Selic neste ano, com a taxa terminando 2012 em 9,5 por cento.

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