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Marca para de vender camisa associada a supremacistas apoiadores de Trump

Peça era a mais vendida da britânica Fred Perry, criada em 1952 por tenista ligado à esquerda; fim foi decretado por roupa virar símbolo dos Proud Boys

Por Diego Gimenes
Atualizado em 2 out 2020, 18h51 - Publicado em 2 out 2020, 17h22

Se, por um lado, Donald Trump insiste em apontar o dedo para o grupo antifascista Antifa e acusa o candidato democrata Joe Biden de não criticar a comunidade, por outro, foi no debate da última terça-feira, 29, que o republicado provou do próprio veneno. Em determinado momento da discussão, o mediador Chris Wallace perguntou se o presidente americano “também estaria disposto a condenar milícias e supremacistas brancos e dizer a eles para se acalmarem e não partirem para a violência, como se viu em cidades como Kenosha e Portland”. Trump acusou a extrema-esquerda de provocar os confrontos e pediu para os Proud Boys (meninos orgulhosos, em inglês) recuarem, mas ao mesmo tempo se prepararem (“Proud Boys, stand back and stand by”) . O recado foi assimilado pelos integrantes do grupo, que disseram “estar a postos”. Com tamanha repercussão do tema, as imagens de manifestações do grupo novamente se espalharam pelas redes sociais, evidenciando uma marca registrada de seus componentes: a camisa polo preta com detalhes em amarelo. A peça — fabricada há 50 anos — era a mais vendida do catálogo da britânica Fred Perry. No entanto, quatro dias antes do confronto presidencial, a empresa decidiu que não vai mais comercializar a peça nos Estados Unidos e no Canadá.

Exclusivamente masculino, o Proud Boys foi criado em 2016 pelo canadense-britânico Gavin McInnes, um dos fundadores da Vice Media, e lutou para impulsionar a campanha de Donald Trump à presidência daquele ano. Desde então, a organização se envolveu em alguns episódios marcantes da política americana. Em 2017, Jason Kessler, ex-integrante do grupo, foi um dos organizadores de uma passeata neonazista em Charlottesville. Além disso, o movimento também esteve presente nos conflitos raciais em decorrência da morte de George Floyd e, mais recentemente, participou da escalada de violência em comícios políticos realizados em cidades como Oregon, Seattle e Portland. O Facebook anunciou ter removido mais de 6 mil perfis relacionados a milícias e grupos sociais armados, com foco nos Proud Boys. Em 2018, o Departamento Federal de Investigação (FBI, sigla em inglês) classificou o movimento como “grupo extremista”, assim como a  Southern Poverty Law Center (SPLC), organização de pesquisa americana, que o definiu como “grupo de ódio”.

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A marca de roupas foi fundada em 1952 pelo ex-tenista britânico Frederick John Perry — ou Fred Perry. A ironia é que Perry era filho de um político socialista ligado ao Partido Trabalhista, e a sua camisa surgiu para ser uma rival de menor preço para a grife Lacoste, ligada ao lendário tenista francês René Lacoste. Aos poucos, as camisas foram ganhando popularidade pelas ruas inglesas, se transformando numa das mais tradicionais marcas do país, e chegou a ser utilizada por grupos da contracultura nos anos 1960 e 1970, por mods e skinheads, que em parte aderiram ao partido de extrema direita Frente Nacional.

Em um tweet com mais de 26 mil interações, a empresa publicou uma nota oficial e fez questão de esclarecer que não possui nenhum tipo de relação com os Proud Boys. “É incrivelmente frustrante que este grupo tenha se apropriado de nossa camisa preta e amarela e subvertido nossa coroa de louros para seus próprios fins”, começou. “Para ser absolutamente claro, se você se deparar com qualquer material ou produto dos Proud Boys apresentando nossa coroa de louros ou qualquer item relacionado à marca, saiba que eles não têm absolutamente nada a ver conosco e estamos trabalhando com nossos advogados para procurar qualquer uso ilegal de nossa empresa”, concluiu a Fred Perry na mensagem.

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