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Mantega promete agora reduzir medidas de estímulo

Governo federal poderá flexibilizar as medidas para enfraquecer o real e diminuir as taxas de juros, diz o ministro da Fazenda, Guido Mantega

Por Da Redação
4 jan 2013, 15h02

O governo brasileiro planeja reduzir as políticas para enfraquecer o real e diminuir as taxas de juros em 2013, à medida que o crescimento econômico começa a se recuperar após dois anos de crise, disse, em entrevista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “O ano de 2013 vai ser mais calmo, com menos medidas, porque elas já foram tomadas”, afirmou. “As políticas monetárias e cambiais estão ajustadas.”

Enfrentando queda do crescimento nos últimos dois anos, o Brasil reduziu sua taxa básica de juros, a Selic, para 7,25% (a menor da história) e introduziu uma série de medidas para impedir que o real se valorizasse ante o dólar, como a implementação de controles de capital sobre alguns investimentos estrangeiros.

“O Brasil agora tem de se adaptar, tem de se acostumar com esses níveis de taxas de juros e de câmbio”, afirmou Mantega. “É claro, sempre podem haver flutuações, tanto em termos de taxa de juros quanto de moeda, mas estamos em uma posição totalmente diferente da que estávamos no começo do ano passado.”

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Além das taxas de juros e de câmbio, o governo da presidente Dilma Rousseff tomou uma série de outras medidas para impulsionar o crescimento nos últimos anos. As medidas provocaram críticas de alguns analistas, que alegam que elas interrompem o investimento e podem provocar inflação, ao mesmo tempo em que não garantem a recuperação econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu a um ritmo menor, de cerca de 1% em 2012, após registrar alta de apenas 2,7% em 2011.

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Novas projeções – O ministro da Fazenda rebateu as críticas, dizendo que as medidas estão começando a surtir efeito e ajudarão a impulsionar a maior economia da América Latina a taxas de crescimento entre 3% e 4% neste ano e acima de 4% em 2014. O mercado, contudo, há muito tempo deixou de acreditar nas projeções aventadas por ele. No início de 2012, ele também apostava todas as suas fichas numa expansão de 4% da economia e já argumentava que as medidas governamentais acelerariam a taxa de expansão do PIB. O resultado efetivo, como se sabe hoje, será três pontos porcentuais menor.

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“Estamos começando com um cenário internacional melhor e vamos começar a colher o que plantamos em 2011 e 2012”, disse Mantega. Ele afirmou que a economia do país começou a se acelerar nos meses finais do ano passado, enquanto a previsão para os Estados Unidos melhorou, a crise da dívida da Europa parece ter evitado o pior cenário e a taxa de crescimento da China está começando a subir novamente.

Mantega, de 63 anos, ganhou proeminência global em 2010 ao acusar os EUA e a Europa de se engajar em uma “guerra cambial” por introduzir políticas que, segundo ele, enfraqueceram o dólar e o euro em relação a moedas de economias emergentes como o Brasil, tornando-as menos competitivas no processo. Os controles de capital implementados por Mantega foram destinados a evitar que dólares baratos inundassem o Brasil e fortalecessem o real.

Esses controles, combinados com um crescimento econômico mais fraco e menores taxas de juros, enfraqueceram a moeda em cerca de 25% ante o dólar desde meados de 2011. “A taxa de juros está em uma posição favorável”, disse Mantega. “As taxas de juro e o câmbio, as principais variáveis, estão em um estado mais equilibrado do que no começo de 2012.” A moeda agora “flutua mais de acordo com o sabor do mercado”, completou.

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O ministro reconheceu que muita depreciação pode ser uma coisa ruim. O enfraquecimento do real em 2012 provavelmente contribuiu em 0,5 ponto porcentual para a inflação em 2012. Além disso, uma moeda mais fraca também torna mais caro importar equipamentos de fabricação necessários para a indústria local. “Um taxa de câmbio muito depreciada também pode ser inconveniente”, disse ele.

Emprego – O ministro da Fazenda também declarou que o corte de impostos e outras medidas que o governo adotou para estimular as vendas de automóveis salvaram empregos, ajudando o país a manter o desemprego em recorde de baixa. “Emprego elevado não é um milagre”, afirmou.

O ritmo frenético do Planalto na adoção de medidas também tem recebido críticas. Analistas dizem que o governo está intervindo tanto na economia que assusta os investidores. Um exemplo é a reação à decisão do governo de reduzir a conta de eletricidade para os consumidores pedindo às empresas do setor para renovarem contratos considerando arrecadação menor, o que tem sido visto por alguns como intervenção excessiva.

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Gás natural mais barato – Mantega disse que não concorda com as críticas e afirmou que, ainda que alguns possam reclamar, a maioria vai se beneficiar. O governo está planejando outras reformas para este ano para reduzir os preços do gás natural, e talvez possa estender alguns cortes de impostos na folha de pagamento.

“Isso é o bom ativismo. Todas são medidas saudáveis não apenas para produzir frutos em um ou dois anos, mas nas próximas décadas”, afirmou ele. “É um novo Brasil que está nascendo.”

Mantega previu que o mercado brasileiro de ações vai se beneficiar do crescimento econômico renovado. “O declínio na taxa de juros e a perspectiva para a recuperação do crescimento farão o mercado brasileiro de ação crescer mais neste ano”, afirmou o ministro. “Acredito que o principal risco foi superado”, acrescentou. “Eu vejo um cenário de bonança em 2013.”

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A perspectiva ensolarada vista por Mantega está em desacordo com registros seus nos dois últimos anos. Em 2011 e 2012, Mantega previu taxas de crescimento para o Brasil que ficaram longe dos resultados atuais. Ele disse que seu otimismo neste ano se justifica pelos resultados econômicos recentes que são, de maneira geral, bons para o país.

(com Estadão Conteúdo)

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