Manifesto da Fiesp gera quebra de braço entre bancos públicos e privados
Peça publicitária assinada por diversas entidades do setor produtivo causa insatisfação generalizada no governo; rompimento é dado como certo
Um manifesto por “pacificação política” capitaneado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp, que será circulado em veículos de comunicação na próxima semana, causou um abalo sísmico entre os membros da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Intitulado “A Praça é dos Três Poderes”, o documento alerta para uma “grande preocupação com a escalada de tensões e hostilidade entre as autoridades públicas” e recebeu a chancela da entidade que defende os interesses das instituições bancárias no país. A quebra de braço, vencida pelos grandes bancos privados, que votaram a favor do apoio à peça, fez com que dirigentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal se movimentassem nos bastidores. A tendência é que, assim que for publicada a peça, os bancos públicos anunciem a saída da federação.
Segundo informações publicadas por O Globo e confirmadas por VEJA, os dirigentes dos bancos públicos tentaram, em vão, demover a participação da Febraban do manifesto durante dias a fio. O rompimento já tem aval do presidente Jair Bolsonaro; do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A irritação, claro, é porque o governo entende que o mercado financeiro está adotando um tom mais crítico ultimamente e o manifesto tende a colocar mais lenha na fogueira. Entidades de outros setores endossam a publicação.
O apoio à peça, por parte dos bancos, foi definido nesta sexta-feira, 27, em reunião com integrantes de bancos privados como Bradesco, Itaú, Credit Suisse, JP Morgan, BTG, Safra, Santander e outros. Procurada por VEJA, a Caixa respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que “não irá comentar o assunto”. A Febraban, por sua vez, disse que “não comenta sobre posições atribuídas a seus associados. Sobre o manifesto articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e dirigido a várias entidades, o assunto foi submetido à governança da FEBRABAN, como é usual”. A tendência é que, nos próximos dias, a pressão do setor produtivo cause muita dor de cabeça ao presidente, que vê seu clube de apoiadores cada vez mais restrito.