Em meio a crise de reajuste, 2 mil servidores do BC irão parar nesta terça
Movimentos de entrega de cargos e greves foram detonados após o reajuste de Bolsonaro a policiais; funcionários do BC estudam parar por tempo indeterminado

A aprovação do Orçamento com reajuste salarial para policiais federais ainda deve gerar muitos desdobramentos ao longo deste ano e vai ser motivo de muita dor de cabeça para o presidente Jair Bolsonaro em uma crise que poderia ter sido evitada, como mostra VEJA desta semana. Os servidores do Banco Central deram início na primeira semana de janeiro à entrega de cargos de chefia, seguindo o mesmo movimento dos funcionários da Receita Federal, em um pedido por aumento salarial. Mas, ainda sem propostas concretas de reajuste, os servidores do BC confirmaram uma paralisação nesta terça-feira, 18. Mais de dois mil funcionários já aderiram ao movimento.
A categoria esteve reunida com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, na semana passada, para pleitear reajuste para os servidores. Em nota, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) e o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas dos Estados (Fonacate) afirmam que a conversa foi “amistosa e propositiva, mas não houve proposta concreta de reajuste, somente declarações de intenções”. Sem uma sinalização clara e certeira de aumento, os servidores decidiram manter a paralisação, das 10h às 12h, considerada uma “paralisação de advertência” com a manutenção de serviços essenciais. Mas, caso não haja proposta concreta na nova reunião já agendada com o presidente do BC ainda em janeiro, a categoria estuda entrar em greve por tempo indeterminado, segundo alerta emitido pelo presidente do Sinal, Fábio Faiad, em nota.
O BC possui cerca de 500 comissões gerenciais, mas o sindicato também está incentivando funcionários que devem substituir os comissionados a aderirem ao movimento, abrindo mão de substituírem os titulares. A autoridade monetária também possui 2.500 servidores, sem comissão gerencial ou substituição gerencial, que estão sendo incentivados a não aceitaram a assunção de comissões. Assim, de acordo com o sindicato, quem tem comissão gerencial ou substituição gerencial concorda em entregá-las; e quem não tem, concorda em não aceitá-las quando elas forem entregues. “Esperamos mais de 50% de adesão interna do BC ao movimento”, diz Faiad em nota. Os servidores pleiteiam reajuste salarial e reestruturação de carreira dos cargos de analistas e técnicos do BC, considerada pela categoria “demandas sem impacto financeiro”, após a aprovação do Orçamento de 2022 elevar os salários dos policiais federais, atendendo ao pedido do presidente Jair Bolsonaro para beneficiar a categoria, uma das principais bases aliadas de seu governo.
Sobre os impactos da paralisação, o sindicato diz que pode haver suspensão ou interrupção do atendimento ao público, da distribuição do meio circulante, da prestação de informações ao sistema financeiro, da manutenção de informática do BC e do acesso dos bancos a alguns sistemas de informação, entre outros possíveis impactos.
O movimento de entrega de cargos começou a ganhar força nas últimas semanas com o protesto da Receita Federal que está descontente com o corte de verbas para a Receita e por não contemplar no Orçamento o pagamento de uma gratificação (bônus) por produtividade aos servidores da Receita.
O sindicato dos servidores do BC questiona acordo para aumento de 28,86% para os servidores da Receita Federal, os do Tesouro Nacional, os Policiais Rodoviários Federais, e os da Controladoria-Geral da União, e diz que não houve negociação para os servidores do Banco Central do Brasil. Em nota, o sindicato diz que “os policiais federais e os servidores da Receita Federal terão reajuste salarial em 2022, aprofundando ainda mais as diferenças remuneratórias entre o BC e carreiras congêneres”. Funcionários do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e peritos médicos também já pleiteiam reajuste. O efeito cascata do reajuste salarial para apenas uma categoria já havia sido alertado por juristas e especialistas e deve ser uma das grandes dores de cabeça deste ano para o governo Bolsonaro.
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