Mais da metade dos brasileiros está na classe média
Segundo Ibope, maioria dos integrantes da classe C é afrodescendente. Suas principais características são a racionalidade, o consumismo e o personalismo
Protagonista das mudanças socioeconômicas pela qual tem passado o Brasil nos últimos anos, a nova classe média passou a englobar mais da metade da população pela primeira vez neste ano. De modo geral, essas pessoas são racionais, consumistas e personalistas, além de darem enorme importância à boa aparência. As informações fazem parte da pesquisa “Classe C Urbana do Brasil: Somos iguais, Somos Diferentes”, realizada pelo Ibope e divulgada nesta terça-feira. O levantamento abrangeu nove regiões metropolitanas do país, além de cidades interioranas das regiões Sul e Sudeste.
A classe C foi dividida em quatro segmentos, de modo permitir uma orientação melhor das empresas em seus planos para conquistar esse público de mais de 100 milhões de pessoas, com hábitos de consumo próprios. A sondagem considerou 200 características pessoais para dividir o grupo entre racionais, consumistas, personalistas e conformistas.
Os racionais, mais planejadores, representam 31% da nova classe média. Esse segmento busca descontos e cuida de si. Já os consumistas, que somam 29% do total, são majoritariamente mulheres e relacionam o consumo à auto-estima, com tendência a serem impulsivas em suas compras. Já os personalistas são, em sua maioria, jovens e não gostam de tradições. Somam 21%. Por fim, os conformistas, majoritariamente homens, não dão importância à aparência.
De acordo com o Ibope, os três primeiros segmentos (racionais, consumistas e personalistas) são o novo retrato da classe média brasileira, na qual a boa aparência assume papel prioritário. A sondagem mostra que, quando se trata de cuidados pessoais, 75% das pessoas preferem pagar mais caro por produtos de higiene de qualidade. Entre os produtos de higiene pessoal com maior potencial de crescimento dentro do segmento, segundo a pesquisa, estão o protetores solares e enxaguantes bucais.
Hábitos de consumo – A classe C2, mais próxima da classe D em hábitos de consumo, costuma planejar mais o que vai comprar, principalmente bens duráveis. Dentro deste segmento, apenas 29% são impulsivos, influenciados por prazos maiores de pagamentos ou por pedidos dos filhos. Entre os bens duráveis, o imóvel está nos planos de consumo de 37% dos integrantes desse segmento.
A pesquisa revela que a classe C prefere fazer compras em lojas de ruas, e não em shoppings. A internet ainda não é disseminada como meio para fazer compras, a despeito de 45% desse segmento social já possuir cartão de crédito. “A segurança é um quesito importante para a classe C”, avalia Dora Câmara, diretora comercial do Ibope Mídia Brasil.
Para este segmento social, a propaganda é muito importante. Aproximadamente 41% das pessoas da classe C2 acreditam que ela representa a imagem verdadeira dos produtos.
Perfil social – A nova classe média é jovem e representada majoritariamente por afrodescentes, exceto no Sul. Em Salvador, 41% das pessoas dessa faixa são negros. Em Brasília, são 22%.
O Ibope descobriu que a classe C tem menos problemas de peso que as classes mais abastadas. Apenas 27% do segmento C1 está acima do peso ideal, contra 31% da classe AB.
Na comparação entre sexos, a sondagem revela que homens da classe C vivem menos que os da AB. O total de homens entre 55 e 64 anos na nova classe média chega a 9%, frente a 12% na AB.
Em relação às mulheres, o levantamento apontou que elas exercem mais responsabilidade sobre a família e são mais autônomas em relação ao consumo. Na classe C, 32% das famílias são lideradas por mulheres. Na classe AB, esse número é de 25%.