A Espanha emitiu nesta quinta-feira mais de 2 bilhões de euros em dívida pública, mas a uma alta taxa de juros, em um claro indício de que a tensão não diminuirá até o país conseguir ajuda europeia para seus bancos.
O Tesouro espanhol conseguiu emitir mais dívida que o previsto nesta sessão (2,074 bilhões de euros), mas os juros para os títulos a dez anos subiram a 6,044%, frente aos 5,743% da emissão de 19 de abril. Também houve alta para os bônus a dois e quatro anos.
Esta emissão foi um teste para Espanha, quarta economia da Eurozona, que rejeitou com unhas e dentes um plano de resgate global, como fizeram Portugal, Irlanda e Grécia.
O país cogita apenas uma ajuda ao seu setor bancário, debilitado pelos ativos imobiliários tóxicos desde o estouro de sua bolha imobiliária em 2008.
Madri luta para que os fundos de resgate europeus – o FEEF vigente atualmente e o MEE, que terá início em julho – serão autorizados para recapitalizar diretamente os bancos.
Esta ajuda pontual livraria o país de um plano de resgate propriamente dito, que implicaria em uma intervenção no país.
Apesar desse cenário de incertezas, o IBEX 35 da bolsa de Madri fechou em alta de 0,30%, para os 6.438,10 pontos. O custo pago pela Espanha para emitir dívida a dez anos com relação à Alemanha continuou abaixo do nível simbólico dos 500 pontos.
Após o fechamento, no entanto, a agência da classificação financeira Fitch reduziu em três níveis a nota creditícia da Espanha, que caiu de “A” para “BBB”, com perspectiva negativa, o que significa que Madri pode ver sua nota rebaixada novamente.
Entre as razões levantadas pela Fitch figura o “custo fiscal de uma reestruturação e uma recapitalização do setor bancário espanhol”, estimado pela agência entre 60 a 100 bilhões de euros, e a recessão na qual está imersa a Espanha.
Também nesta quinta-feira a zona do euro disse estar disposta a ajudar o setor bancário espanhol caso seu governo solicite, conforme afirmou o chefe do Eurogrupo, o luxemburgo Jean-Claude Juncker.
“Caso algum dia a Espanha solicite apoio ao seu setor bancário, isso evidentemente acontecerá”, afirmou Juncker em Bruxelas à imprensa, sem comentar sobre datas ou eventuais quantidades.
Segundo Juncker, apesar de o setor bancário da Espanha estar sob pressão, o país ainda não fez nenhum pedido de ajuda.
“A situação da Espanha, no entanto, evolui bastante bem. O governo espanhol adotou todas as medidas de consolidação que teria que tomar”, disse.
Interrogado sobre a possibilidade de ajudar diretamente o setor bancário, Juncker considerou que esse é um “problema jurídico”.
Os europeus refletem sobre a melhor forma de ajudar a Espanha e a seu setor bancário, debilitado pelos ativos imobiliários de risco desde o estouro da bolha em 2008, sem que isso repercuta na população, submetida a fortes cortes orçamentários e a um elevadíssimo desemprego.