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Livre para ser quem eu sou, diz diretora da Uber após sair do armário

Depois de passar anos escondendo sua orientação sexual no trabalho, executiva coordena programa de inclusão e diversidade da companhia na América Latina

Por Fabiana Futema Atualizado em 28 jun 2018, 08h01 - Publicado em 28 jun 2018, 08h01

Ana Pellegrini, 40, diretora jurídica da Uber no Brasil e cone sul, demorou muito tempo para assumir sua orientação sexual no ambiente de trabalho. Ela se descobriu lésbica aos 21 anos, recém-formada em direito. Na época, trabalhava em um escritório de advocacia em que o preconceito contra homossexuais imperava. “A reação dos meus colegas a questões ligadas à homossexualidade fazia com que não me sentisse livre para ser quem eu era”, conta.

As pessoas LGBTQ+ eram chamadas de ‘viadinho, bichinha, sapatão’ pelos advogados desse escritório em que Ana trabalhou por dez anos. “Quando queriam depreciar ou insultar uns aos outros, ainda que em clima de brincadeira, usavam adjetivos como ‘gayzinho e boiola’. Não foi por acaso que me mantive no armário durante todo o tempo em que trabalhei lá”, afirma.

Ana saiu desse emprego em 2013 foi fazer mestrado em Direito e Tecnologia na Universidade de Berkeley, na Califórnia. Lá, ela descobriu uma realidade diferente daquela que tinha vivenciado: escritórios com programas de diversidade e inclusão para pessoas LGBTQ+. “Foi aí que decidi: quando retornasse ao país, não voltaria nunca mais para o armário.”

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A executiva diz que é muito desgastante não poder se assumir no ambiente de trabalho. “Quando olho para trás, vejo o tanto de energia que perdi por não poder ser quem eu era. Aquilo me consumia diariamente, tinha a todo momento que me policiar ao telefone para não usar o pronome feminino ao conversar com minha namorada. Vivia preocupada.”

A diretora da Uber diz que precisar se esconder também prejudicou as relações de amizade no ambiente profissional. “O fato de as pessoas não te conhecerem totalmente impede a criação de conexões verdadeiras. Por mais que você tenha feito amigos em dez anos, que amizade é essa se ela não conhece uma parte tão importante da sua vida? Se perde muito com isso.”

Ao retornar ao Brasil, em 2015, Ana diz que no processo de recrutamento da Uber perguntou quais eram as políticas de inclusão e diversidade da empresa. Hoje, ela coordena o programa de diversidade da Uber na América Latina.

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Segundo ela, poder assumir sua orientação sexual influenciou sua forma de liderar. “Lido com cerca de 30 advogados e eles dizem que sou muito transparente e justa. Essa transparência vem do fato de que por muito tempo não pude ser transparente. Meu estilo de liderança tem muito a ver com minha identidade LGBTI+ e o que isso trouxe para minha carreira.”

Já está comprovado que empresas ganham quando os funcionários trabalham mais felizes. “O nível de felicidade que tenho em poder ser quem eu sou só me motiva a trabalhar e produzir cada vez mais. Em termos de eficiência é muito melhor.”

Mas ela diz que essa felicidade não se resume a um objetivo de trazer produtividade para as empresas. “A gente trabalha a inclusão e diversidade pelas pessoas, não pelo resultado econômico. O lado humano é que importa.”

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