É sabido que o ministro da Fazenda Joaquim Levy não concordava com o plano do governo de apresentar previsão de déficit orçamentário para 2016. A alternativa do ministro, segundo fontes próximas, era levar adiante um projeto de cortes de gastos obrigatórios, previstos em lei, e a redução drástica de programas como o Fies e o Ciência sem Fronteiras. Benefícios setoriais, como o seguro-defeso para pescadores, que foi reduzido durante o ajuste fiscal aprovado este ano, seriam enxugados ainda mais. O ministro não estudava, por enquanto, cortes no Bolsa Família.
Nas contas de Levy, com os cortes, os gastos passariam a se encaixar na arrecadação, tornando possível a apresentação de uma peça orçamentária no azul. A estratégia continuaria dependente de aprovação no Congresso – ou seja, corria grandes riscos de sofrer ataques. Mas agradaria às agências de classificação de risco. A presidente Dilma preferiu recorrer à ideia desastrada da CPMF, que Levy foi orientado a encampar. Diante do fracasso, deu aval ao plano de Nelson Barbosa, de déficit “transparente”. As propostas do ministro foram para o fim da fila. (Ana Clara Costa, de Brasília)