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Lentamente, setores industriais retomam contratações

Indústrias de calçados, alimentos, têxteis e químicos tiveram saldo positivo de empregos em setembro e, alguns casos, também no acumulado de 2016

Por Felipe Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 nov 2016, 21h35

A crise econômica segue intensa no Brasil. A última evidência desse quadro foi o IBC-Br, que decepcionou os analistas na última quinta-feira ao recuar 0,78% no terceiro trimestre – esse indicador de atividade econômica, apurado pelo Banco Central, é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). Mas alguns setores mostram alguns indícios de retomada, mesmo que os sinais ainda não permitam afirmar que “o pior já passou”. As indústrias de calçados, têxteis, químicos e alimentos e bebidas estão entre eles.

Esses quatro segmentos industriais saíram-se bem no levantamento mais recente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho. Cada um à sua maneira, eles mostraram, em setembro, uma situação melhor não apenas que a do mês anterior, mas também que a do mesmo período do ano passado – e isso diante de um quadro geral que mostra que o desemprego assola 11,8% dos trabalhadores brasileiros, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); são 12 milhões de pessoas sem trabalho.

Em setembro, dado mais recente do Caged, os quatro setores contrataram mais gente do que demitiram. O saldo foi positivo em 1.849 vagas na indústria química e de produtos farmacêuticos, 1.304 na indústria têxtil, 1.354 na calçadista e de nada menos que 15.231 em alimentos e bebidas). No geral, as indústrias fecharam 39.282 postos no mês.

Para o professor do MBA da Insper, Alexandre Chaia, o movimento desses segmentos, que está na contramão do que se vê no todo da indústria, acontece porque a característica dessa recuperação é diferente da dos demais. “São setores mais ligados ao consumo direto, das pessoas, e por isso têm como se recuperar da crise mais rapidamente”, diz.

Calçados e químicos

A indústria calçadista talvez seja a que mostra os resultados mais robustos. Além de ter registrado saldo positivo em setembro, o setor acumula saldo positivo nos primeiros nove meses do ano na comparação com o mesmo período de 2015. O saldo cresceu 7,35%, para 20.970 postos.

Segundo analistas, o ritmo de contratações começou a melhorar em julho, impulsionado pela troca das coleções para primavera/verão por causa da mudança de estação. O número de vagas cresceu 7.784 entre junho e agosto, ainda que no total o nível de emprego esteja menor que em 2015.

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Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, a expectativa é que o nível de demanda tenha alguma recuperação até o fim do primeiro semestre de 2017, com ajuda das vendas de fim de ano. Outro fator que deve ajudar na recuperação de postos é a capacidade ociosa das fábricas. “Os empresários ainda não estão dispostos a investir para aumentar capacidade, mas já estão repondo vagas”, diz. “Como os lojistas não costumam comprar para fazer estoque, o setor normalmente produz sob encomenda.”

Assim como no setor calçadista, o setor químico tanto registrou saldo positivo em setembro quanto acumula saldo no azul em 2016. Nos primeiros nove meses do ano, as contratações superaram as demissões em 6.631 postos, um avanço de 0,73%.

Alimentos e têxteis

Os segmentos de têxteis e de alimentos e bebidas tiveram saldo positivo em setembro, mas registram leve déficit no acumulado em 2016. Em têxteis, o saldo ficou negativo em 3.846 vagas no acumulado do ano. Em alimentos e bebidas, por sua vez, o saldo negativo foi de 6.182 postos.

Trata-se de “pequeno déficit” porque, um ano atrás, o quadro era muito pior. Analistas de ambos os segmentos enxergam nesses números o primeiro movimento para o retorno aos saldos anuais positivos. Isso porque o ritmo de cortes caiu sensivelmente em relação ao ano passado. Em têxteis, o número de demissões havia superado o de contratações em 34.119 postos; no mesmo período, o saldo negativo em alimentos e bebidas havia sido de 21.605 vagas.

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“A recuperação da demanda, ao menos no nosso setor, que é de primeira necessidade, já está em curso desde o segundo trimestre”, afirma o diretor econômico da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Denis Ribeiro. “Isso impulsionou a produção e, por fim, as vagas.”

O estoque de empregos no setor, que estava em baixa desde abril de 2015, recuperou-se entre março e agosto: ele passou de 1,594 milhão para 1,601 milhão. Também houve aumentos em nos investimentos em máquinas equipamentos . No primeiro semestre, os gastos com máquinas equipamentos (de 101,3%, para 1,89 bilhão de reais) e em marketing e distribuição (de 31,5%, para 1,80 bilhão de reais).

Fim de ano

O setor de vestuário acredita que as festas de fim de ano vão ajudar a dar um empurrão na indústria no próximo ano. “Estamos realisticamente otimistas com uma recuperação de vendas para 2017”, diz Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

Os resultados desses quatro segmentos industriais não permitem afirmar que a página da crise foi virada. Além de o número geral da indústria seguir com mais demissões que contratações, atividades intensivas em mão de obra, como construção civil e comércio, seguem problemáticas no quesito emprego. Mas já, ao menos, uma fagulha de esperança.

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