Juros para empréstimos caem ao menor nível desde 2000
Taxa média para pessoas físicas e jurídicas ficou em 30,1% em agosto, segundo relatório do Banco Central. Volume de crédito no país subiu 1,2% no período
A taxa média de juros cobrada no Brasil para pessoas físicas e jurídicas recuou em agosto pelo sexto mês consecutivo, de acordo com relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Banco Central, passando de 30,7% em julho para 30,1% no mês passado. Trata-se do menor patamar da taxa geral de juros para o crédito desde o início da série histórica do BC, em 2000. Para pessoas físicas, a taxa média recuou de 36,2% ao ano em julho para 35,6% em agosto, o menor número desde 1994, quando teve início esta série do BC. Os juros para a pessoa jurídica, que começaram a ser contabilizados pela autoridade monetária em 2000, também caíram à mínima histórica, passando de 23,6% para 23,1% anuais, no mesmo período.
O volume de crédito total disponibilizado pelo sistema financeiro no Brasil em agosto subiu 1,2% em relação ao mês anterior, segundo o Branco Central. O montante representa agora 51% do Produto Interno Bruto (PIB) do país (ante 50,8% de julho), ou 2,211 trilhões de reais. No acumulado do trimestre, a carteira cresceu 3,5% e, no ano (até agosto) o aumento foi de 8,9%. Em 12 meses, o total de operações de crédito registrou expansão de 17%.
Leia mais:
Inadimplência de empresas cresce 8,3% em um ano
Caixa e Banco do Brasil travam guerra do crédito
Bradesco acata vontade do governo e reduz juros do cartão de crédito
Segundo o Banco Central, entre as operações que mais cresceram em agosto está a do crédito rural, que subiu 3,4% no período, para 151,287 bilhões de reais. Ainda no setor privado, o crédito para a indústria subiu 0,2% em agosto (439,105 bilhões de reais), habitação avançou 3,2% (250,039 bilhões de reais) e o crédito para o comércio registrou retração de 0,2% no período, totalizando 213,658 bilhões de reais em agosto.
O total de empréstimos para o setor público chegou a 105,665 bilhões de reais, uma alta de 1,5% de julho para agosto, puxada principalmente pelo crédito concedido ao governo federal, de 61,398 bilhões de reais, o que representa uma elevação de 1,8%.
Segundo o relatório, a participação dos bancos públicos no total da carteira de crédito subiu para 45,7% em agosto, de 45,5% em julho. Nas instituições privadas nacionais e estrangeiras, a participação recuou 0,1 ponto porcentual em cada, para 37,5% e 16,8%, respectivamente, na mesma base de comparação.
Outros indicadores – Ainda segundo o BC, a inadimplência ficou em 5,9% no mês passado, estável em relação a julho. O BC informou também que o spread bancário – diferença entre o custo de captação do banco e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final – atingiu 22,5 pontos percentuais em agosto, contra 23 pontos no mês anterior.
Selic – Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil “ainda tem espaço para redução” da taxa de juros (Selic). Falando a investidores durante a Cúpula de Mercados de Alto Crescimento, promovida pela revista The Economist, o ministro insistiu em que o governo continuará se utilizando de políticas monetárias para promover o crescimento. “Podemos ter uma política monetária ativa. Isso faz sentido no Brasil, onde o crédito ainda é relativamente restrito”, disse.
Contudo, no relatório Focus desta semana, analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central elevaram para 7,5% a projeção da taxa básica de juros, a Selic, neste ano. No levantamento anterior, a previsão era de 7,25%. Isso significa que eles não acreditam em novo corte da taxa de juros, uma vez que a Selic atual já está em 7,5%.
Perspectivas – O BC também elevou, nesta quarta-feira, a projeção de crescimento do estoque total do crédito em 2012 para 16%, contra 15% na estimativa anterior. O movimento, segundo a autoridade monetária, será puxado pelos bancos públicos, cujos estoques devem crescer 24% neste ano, acima da projeção anterior de expansão de 21%.
O BC informou ainda que manteve suas estimativas sobre o crescimento dos estoques de crédito dos bancos privados nacionais e estrangeiros neste ano, em 10% e 13%, respectivamente.
(Com Agência Estado e Reuters)