Por Silvana Rocha
São Paulo – A curva de juros futuros voltou a embutir prêmios pelo segundo dia consecutivo, com forte aumento do volume de contratos negociados, sobretudo no vencimento mais curto, de janeiro de 2013, que embute expectativas sobre a condução da política monetária no decorrer deste ano. O ajuste de alta desta vez foi sustentado pela surpresa dos investidores com o IPC-Fipe de dezembro e de 2011 bem acima das expectativas, além da aversão ao risco nos mercados internacionais.
No fim da sessão regular na BM&FBovespa, o DI para janeiro de 2013 estava em 10,13%, de 10,04% no ajuste de ontem, com 383.260 contratos negociados ou 86% acima do volume de contratos registrados ontem. O DI para janeiro de 2014 projetava taxa de 10,60%, ante 10,48% na véspera, com 111.195 contratos negociados; e o DI janeiro de 2015 tinha taxa de 10,86%(22.975 contratos), ante 10,74% no ajuste anterior.
Na parte longa da curva de juros, o DI para janeiro de 2017 mostrava taxa de 11,06% (com 27.185 contratos), ante 10,94% no ajuste da véspera; e o vencimento para janeiro de 2021 exibia 11,21% (8.315 contratos), ante 11,11% no ajuste de ontem.
Esse avanço das taxas futuras também já precifica uma expansão da produção industrial brasileira em novembro ante outubro, ainda que as perspectivas para a atividade industrial doméstica não sejam tão positivas neste primeiro trimestre do ano, afirmou o economista sênior da CM Capital Markets, Maurício Nakahodo. “Não será a indústria, mas sim o grupo serviços, que poderá sustentar um crescimento do PIB neste primeiro trimestre do ano, mas a expansão tende a ser moderada”, avalia.
Em dezembro, segundo a Fipe, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 0,61%, fechando 2011 com alta de 5,81%. Ambos os resultados superaram com folga o teto das estimativas coletadas pelo AE Projeções. Para o índice mensal, as expectativas iam de 0,41% a 0,55%, com mediana de 0,48%. Para o acumulado do ano, o mercado esperava entre 5,50% e 5,73%, com mediana de 5,66%.
Lá fora, o ressurgimento de receios com a liquidez na zona do euro e também com os bancos espanhóis contribuiu ainda para a retomada da cautela nos mercados, após notícias favoráveis sobre a atividade econômica, especialmente na China e nos Estados Unidos.