Por Márcio Rodrigues
São Paulo – O mercado de juros futuros se ancorou em duas fortes possibilidades para devolver prêmios, ainda que isso tenha ocorrido de forma relativamente moderada. Por aqui, as taxas reagiram a informações de cortes no Orçamento de 2012, na faixa entre R$ 60 bilhões e R$ 70 bilhões, o que facilitaria a tarefa do governo de cumprir a meta cheia de superávit primário e, teoricamente, permitiria uma Selic em patamar mais baixo. No exterior, rumores de que a Standard & Poor’s estaria se preparando para cortar os ratings da França e da Áustria, de AAA para AA+, deixaram os mercados no vermelho.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (233.130 contratos) estava em 10,01%, de 10,05% no ajuste, enquanto o DI janeiro de 2014, com movimento de 131.555 contratos, cedia a 10,50%, de 10,57% na véspera. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (27.870 contratos) recuava para 11,16%, de 11,20% ontem, e o DI janeiro de 2021 (3.420 contratos) indicava máxima de 11,38%, ante 11,42% no ajuste.
Por aqui, não está descartado o anúncio dos cortes no Orçamento no início da próxima semana, antes mesmo de o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar a nova Selic, na quarta-feira, dia 18. Para esse encontro, a curva a termo indica certeza de corte de 0,5 ponto porcentual, deixando a taxa básica em 10,50%. Na reunião de março, a maioria do mercado espera novo corte de 0,5 ponto porcentual. A partir daí, no entanto, surgem divergências. As taxas futuras ainda indicam a Selic em 10% no fim deste ano, enquanto a pesquisa Focus mostra que os economistas enxergam espaço para mais uma redução do juro básico, que fecharia 2012 em 9,5%.
Lá fora, os mercados reagiram negativamente à possibilidade de redução de ratings para um bloco considerável de países europeus. Segundo uma autoridade francesa informou ao Wall Street Journal, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s avisou ao governo da França que rebaixará a nota de crédito do país, atualmente em AAA – maior nível possível -, em um grau, para AA+. O mesmo aconteceria com a Áustria. A agência CNBC, citando o jornal francês Les Echos, informou que Itália, Espanha e Portugal devem ter seus ratings soberanos rebaixados em dois graus nesta sexta-feira pela S&P.
Além disso, os depósitos overnight dos bancos da zona do euro no Banco Central Europeu (BCE) atingiram uma nova máxima histórica ontem. Os bancos depositaram 489,906 bilhões de euros, ante 470,632 bilhões de euros, disse a autoridade monetária.