Por Nalu Fernandes
São Paulo – No mercado de juros futuros, as taxas ganharam mais fôlego na tarde desta quinta-feira em relação ao comportamento apresentando no meio do dia, rumando para níveis superiores também aos ajustes da véspera. Praticamente toda a curva a termo passou a acumular prêmios em relação ao início da tarde, com os vértices longos concentrando os principais ganhos.
O ânimo dos investidores foi intensificado pela percepção de que há disposição dos governos globais para dar suporte ao crescimento econômico e, em particular, com as manifestações do Banco Central Europeu (BCE), de comprometimento em preservar o euro. Na China, a agência estatal de notícias informou que o país usará medidas fiscais para garantir a reestruturação da economia.
No âmbito doméstico, os dados de crédito em junho foram considerados reconfortantes de certa maneira, por trazerem algum alívio em relação à trajetória da inadimplência, mas vale observar que, até o meio do dia, as taxas projetadas pelos DIs ainda se mantinham de lado.
A partir dos dados divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central, a percepção de analistas é de que, se o cenário de crédito continuar evoluindo de forma mais favorável, contribuirá para a reação da economia brasileira.
Ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (110.330 contratos) estava em 7,38%, ante 7,36% no ajuste da véspera, enquanto o DI janeiro de 2014 (331.100 contratos) marcava 7,74%, de 7,67% ontem. O DI janeiro de 2017, com giro de 104.865 contratos, apontava a máxima de 8,92%, de 8,87% do ajuste, e o DI janeiro de 2021 (3.055 contratos) ficava em 9,52%, de 9,49%.
Logo cedo, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou que a autoridade monetária está pronta para fazer o que for preciso para preservar o euro, mas sinalizou que permanecerá dentro de seu mandato e não substituirá atitudes dos governos. Diante desta ponderação, operadores do mercado doméstico citam os comentários da ministra das Finanças da Áustria, Maria Fekter, como sinalização de que pode estar a caminho coordenação entre os países para lidar com a crise da dívida na região. Segundo a ministra, aumenta a possibilidade de reunião extraordinária do grupo de ministros das Finanças da União Europeia.
No ambiente doméstico, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) em junho, do IBGE, saiu sem os dados da região metropolitana do Rio de Janeiro, em virtude da greve dos servidores, mas o entendimento de economistas é de que não houve piora significativa na taxa de desemprego no período em questão.
Em Londres, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, citou que a economia global está desafiadora, mas ponderou que o País está muito mais preparado para enfrentar os desafios e que o impacto negativo dos problemas econômicos globais tem sido “moderado”. “A economia (brasileira) está pronta para crescer 4% (em bases anuais) no segundo semestre de 2012”, disse. Tombini avaliou que o real mais fraco tem ajudado a impulsionar a produção doméstica. Por aqui, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, reafirmou que o governo mira a meta cheia do superávit primário e que a esperada retomada econômica no segundo semestre deve conduzir a um PIB de 3% neste ano.