A partir desta terça-feira, o Banco do Japão implementou taxas de juros negativa, decisão que foi anunciada pelo banco central do país no dia 29 de janeiro. O plano tenta estimular o crescimento da economia e elevar a inflação – e sua adoção, considerada radical, mostra a falta de opções do país para dar um empurrão na estagnada economia japonesa.
O banco central japonês vai cobrar dos bancos 0,1% para manter reservas adicionais na autoridade monetária – esse é, na prática, o “juro negativo” – para tentar derrubar as taxas de juros e incentivar os bancos, empresas e poupadores a gastar e investir. Nesta segunda-feira, o governo anunciou que o produto interno bruto (PIB) do país encolheu 1,4% no último trimestre de 2015.
Embora o anúncio de taxa negativa tenha brevemente derrubado o iene e impulsionado os preços das ações japonesas, os mercados rapidamente reverteram. “O impacto do afrouxamento da política monetária é semelhante ao da intervenção cambial. A primeira vez que eles fazem isso, há um impacto enorme. Mas conforme eles repetem, o impacto vai diminuir”, disse o economista-chefe da empresa de consultoria Office Niwa, Seiya Nakajima.
Apesar de membros do alto escalão do banco central japonês se esforçarem para dizer que tinham calibrado apenas um impacto pequeno em bancos japoneses, as ações do setor despencaram, contribuindo para queda global das ações do setor financeiro. De certa forma, o banco central foi atingido pelo momento ruim, com os mercados globais já em queda devido a preocupações com desaceleração da China, alta de juros nos Estados Unidos e derrocada nos preços do petróleo.
Nos onze dias desde o anúncio da decisão do banco central, o índice Nikkei, o principal da Bolsa de Tóquio, caiu 8,5%, mesmo com a forte alta desta segunda-feira. O iene, por sua vez, subiu 6,5% em relação ao dólar.
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(Com Reuters)