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Irresponsabilidade e populismo fiscal é fake news, diz Paulo Guedes

Em meio a recessão técnica e furo do teto, ministro afirma que situação fiscal é boa e que mídia vai entender melhor o que foi feito e barulho vai diminuir

Por Luana Zanobia Atualizado em 17 dez 2021, 19h15 - Publicado em 17 dez 2021, 19h01

Com ataques à cobertura da mídia e ao clima de negatividade quanto às decisões da pasta de deixar o teto fiscal ser estourado em 2022, o ministro da Economia, Paulo Guedes, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 16, apresentou o balanço de final de ano de sua política econômica. Guedes iniciou o discurso dizendo que o governo “colocou o país de pé novamente” em 2021, ignorando alguns dados negativos gerados pelo governo, inclusive pela sua própria pasta, que deterioram o cenário econômico. Mas, segundo ele, a irresponsabilidade e o populismo fiscal são fake news.

Após um ano bastante conturbado pelos desbalanceamentos causados pela pandemia, as instabilidades políticas e fiscais adicionaram ainda mais turbulência para o desafio da retomada econômica. As perspectivas econômicas eram até positivas no primeiro semestre deste ano com o avanço da vacinação, mas o cenário passou a se deteriorar com o estouro do teto de gastos, principal âncora fiscal do país, gerando maiores pressões no câmbio, na inflação, e menor crescimento econômico, que colocaram o país em estado de “recessão técnica”, com duas quedas trimestrais do PIB.

Guedes ainda afirmou que a situação fiscal do Brasil é a mesma de antes da pandemia. “Existe muita conversa a respeito do populismo, do desequilíbrio e irresponsabilidade fiscal. É fake news. Onde está o populismo em um governo que está gastando 19,5% do PIB, mesma quantia que gastava antes da pandemia? Onde está populismo em um governo que tem déficit de 1%  do PIB, o mesmo déficit de antes da pandemia?”, indagou Guedes. Nos últimos meses, no entanto, houve deterioração da percepção do mercado financeiro quanto ao cenário fiscal e a maiores pressões inflacionárias, uma vez que o governo promoveu o rompimento do teto dos gastos para bancar o Auxílio Brasil, um novo Bolsa Família turbinado. O aumento do benefício de 186 reais para 400 reais estava pendente, para entrar em vigor, da aprovação da PEC dos Precatório, aprovada pelo Congresso Nacional na quarta-feira, 15, abrindo espaço fiscal de mais de 100 bilhões de reais no Orçamento para 2022. “O controle dos orçamentos é a essência da política. O problema do Brasil não é o teto, é a falta de controle sobre os pisos. Só precisa de teto quem não respeita os pisos”, disse Guedes.

A criação do teto de gastos, em 2016, foi um dos principais instrumentos para o retorno da estabilidade dos preços após o governo de Dilma Rousseff, quando a inflação atingiu 10,67% ao ano. A atuação do Banco Central no período posterior, sob o comando de Ilan Goldfajn, com uma política de maior aperto monetário, também foi fundamental na época. O BC, agora, tem voltado a atuar fortemente no controle inflacionário com a elevação da taxa básica de juros, a Selic. Nas duas últimas reuniões do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom), aumentou a Selic em 1,5 ponto percentual, encerrando em 9,25%, e já sinaliza aumento da mesma magnitude no próximo ano, para atingir no início de 2022 uma Selic de 11,75%.

Sobre a inflação, Guedes disse que o governo tem atuado desde o início da pandemia para conter o efeito dos desequilíbrios dos preços com a decisão de tornar o BC independente. “Despolitizamos a moeda”, disse, alegando que, agora, com o BC autônomo, o governo não poderá influenciar a moeda às vésperas da eleição. Nos bastidores, Gudes tem criticado a postura de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, por ter baixado a Selic a 2%, menos patamar histórico, e demorado para reagir perante ao aumento da inflação.

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No último Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, divulgado nesta quinta-feira, 16, o Banco Central admitiu que o país encerra o ano com uma inflação de dois dígitos, de 10,2%. A autoridade monetária demonstrou preocupação com a magnitude e a persistência dos choques, e passou a projetar uma inflação que beira o teto da meta para o próximo ano, de 4,7%, quando a meta é de 5%. As projeções de inflação foram revisadas para cima, em linha com o mercado, devido a “fatores de risco em ambas as direções”, com questões internas e externas do cenário econômico, pontuando riscos como o “prolongamentos das políticas fiscais” e “questionamentos em relação ao arcabouço fiscal”.

Com a economia mais desaquecida, o BC também passou a projetar um recuo maior no PIB, com revisões que passaram de 4,7% para 4,4% em 2021 e de 2,1% para 1% em 2022. Ainda assim, Guedes continua se vangloriar de um crescimento de 5% que espera para o ano. Porém, economistas alertam que esse crescimento que Guedes tanto fala é basicamente uma recuperação das perdas do ano de 2020, ano do primeiro impacto da pandemia. Para o próximo ano, as perspectivas não são das melhores e até mesmo Guedes teve que admitir uma desaceleração da economia para 2022.

Guedes também alegou concordar com o presidente Bolsonaro quando diz que o ministro não entende de política, e que, por isso, não entende por que algumas medidas de sua pasta não avançaram no Congresso. Ele reclamou de projetos como a reforma do Imposto de Renda, que pararam no Senado. Pelo fato de o texto — que incluía também a volta do pagamento de impostos sobre dividendos — não ter sido votado, Bolsonaro chegará ao seu quarto ano de mandato sem cumprir a promessa de corrigir a tabela do IR que deixaria mais 15 milhões de pessoas isentas.

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