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Investimentos no Gripen custarão ao governo US$ 4,5 bi

Segundo ministro Celso Amorim, cronograma de compra de caças vai até 2025; modelos F5 devem operar até 2025

Por Gabriel Castro, de Brasília
18 dez 2013, 17h08

O ministro da Defesa Celso Amorim e o Comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, deram coletiva à imprensa na tarde desta quarta-feira para detalhar a escolha de compra dos 36 caças Gripen, da sueca Saab. A escolha ocorreu logo após a visita do presidente francês François Hollande, que recebeu a notícia, em primeira mão, de que os caças Rafale, da francesa Dassault, não seriam escolhidos pelo governo brasileiro. Segundo Amorim, a escolha levou em conta “performance, transferência efetiva de tecnologia e custo”. “A Saab tem o melhor equilíbrio”, disse o ministro. O anúncio foi autorizado pela presidente Dilma no final da manhã desta quarta.

As aeronaves terão um custo de 4,5 bilhões de dólares ao governo brasileiro – valor abaixo do que foi ofertado pelas outras duas concorrentes. A primeira aeronave, segundo Amorim, deve chegar ao país apenas em 2018, 48 meses após a assinatura do contrato, que está prevista para dezembro de 2014. “Vamos pechinchar ao máximo”, disse Saito, referindo-se ao período de negociação do contrato, que terá início em janeiro.

A fonte de financiamento para arcar com o pagamento dos caças, que deve começar a ser feito a partir de 2015, ainda não foi definida pelo governo. Segundo Amorim, esta será uma próxima etapa de discussões. Mas a Saab era a única entre as três concorrentes que se dispôs a financiar as aeronaves para o governo.

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A escolha dos caças encerra uma negociação que remonta a 1991, quando a Força Aérea Brasileira (FAB) decidiu que precisava renovar sua frota de caças. As únicas seis unidades em operação atualmente, os Mirage 2000, da Dassault, serão aposentados no dia 31 de dezembro e serão substituídos por modelos F5, enquanto o Gripen entra em processo de fabricação.

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Espionagem faz governo adiar decisão sobre caças

Em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a anunciar que o Brasil havia escolhido adquirir os caças da França. A moeda de troca era o apoio do país à entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Tempos depois, o Ministério da Defesa negou que o governo tivesse tomado alguma decisão. Curiosamente, o então presidente francês Nicolas Sarkozy, no mesmo período, havia se negado endossar decisão do governo brasileiro de apoio ao Irã. O negócio dos caças foi desfeito em retaliação.

A decisão sobre os caças ocorre pouco antes da aposentadoria do Mirage e dias depois de o presidente francês, François Hollande, vir ao Brasil acompanhado do presidente da Dassault, Eric Trappier, para se reunir com a presidente Dilma Rousseff. A compra dos caças esteve em pauta, apesar de os dois terem silenciado sobre o tema. Dilma teria aproveitado o encontro para dizer a Hollande que a compra do Rafale não ocorreria devido ao alto preço das aeronaves.

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Snowden atrapalha Boeing – O tema dos caças foi preterido ao longo do governo Dilma. Nas poucas discussões consistentes sobre o tema, a favorita da presidente era Boeing. Não só a proposta de transferência de tecnologia da gigante americana havia agradado à FAB, como a vinda da empresa ao Brasil havia suscitado uma série de possibilidades de parcerias com a indústria que iam além dos F18. Segundo documentos sigilosos divulgados pelo Wikileaks, o brigadeiro Juniti Saito também havia explicitado, em 2009, a superioridade técnica da aeronave americana. Contudo, a saia-justa causada pelas denúncias do ex-técnico da CIA e da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, Edward Snowden, que revelaram práticas de espionagem do órgão a diversos governos – inclusive o brasileiro – colocaram a Boeing no fim da fila e colocaram no páreo apenas franceses e suecos.

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Em entrevista ao site de VEJA, a presidente da Boeing no Brasil e ex-embaixadora, Donna Hrinak, afirmou que o F18 não só é tecnicamente superior, como também a proposta da empresa para o projeto foi aprimorada ao longo dos anos. Segundo Donna, o governo brasileiro tem toda a razão em condenar as ações da NSA, mas reafirmou que a força das relações comerciais entre Brasil e EUA vai muito além das denúncias. “É uma relação bilateral de muitos anos. Compartilhamos valores e interesses. E não podemos deixar que essa relação seja afetada por Edward Snowden”, afirmou.

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