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Inflação deve continuar a preocupar em 2014, dizem economistas

O resultado ruim do IPCA de 2013, divulgado nesta sexta-feira, aumentou a percepção dos economistas de que a inflação deve provocar dor de cabeça neste ano

Por Talita Fernandes
10 jan 2014, 12h46

Depois de surpreender o mercado ao fechar 2013 acima do esperado, a 5,91%, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve continuar preocupante em 2014. O cenário para este ano é de diminuição das medidas de desoneração, o que deve ter reflexo nos preços, e de eleições presidenciais, quando é comum que governos federal e estaduais promovam mais gastos públicos, pressionando os preços.

Para Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, haverá permanência de risco inflacionário porque o ritmo de arrefecimento dos preços ainda é muito lento. “O recuo ainda é muito modesto, embora a tendência dos preços livres seja de continuar a trajetória de desaceleração”, afirma. A economista explica ainda que um dos impactos na inflação é a dificuldade que o governo tem de fazer ajuste fiscal.

Zeina lembra que, mesmo com a inflação provocando dores de cabeça no governo no ano passado – o IPCA estourou o teto da meta, de 6,5%, em junho – a presidente Dilma Rousseff anunciou programas de estímulo ao consumo, como o Minha Casa Melhor, linha de crédito para a compra de eletrodomésticos para os participantes do Minha Casa Minha Vida. Programas de estímulo ao consumo ajudam a elevar os preços.

A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada, classificou o resultado do IPCA como “desastroso”, levando em conta o esforço de desonerações feito pelo governo para controlar a alta de preços administrados, como o da energia elétrica. “Não tem nada para comemorar. É muito ruim, em um ano no qual o governo fez de tudo e tomou medidas que custaram caro”, disse.

Ela lembrou que os preços administrados (ligados a tarifas, e que podem ser controlados pelo governo) fecharam 2013 com alta de apenas 1,5%, influenciados principalmente pela redução do preço da energia elétrica, de cerca de 20%, pela manutenção das tarifas de transporte público em muitas cidades e também pelo controle de preços da gasolina, que ainda estão defasados com relação ao mercado internacional.

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Segundo Alessandra, esse cenário reforça a expectativa de que o ano que se inicia será de inflação alta, na casa dos 6%, com risco de estouro do teto de 6,5% da meta buscada pelo Banco Central. “Nessa previsão de 6% existe pouco espaço para a acomodação de choques. Se o ano tiver qualquer choque de câmbio ou de alimentos, há risco de a inflação ficar muito próxima do teto ou passar do teto.”

Para o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa, a inflação será a grande preocupação deste ano na economia. Em evento realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, na quinta-feira, ele lembrou que o governo precisará tirar os estímulos fiscais (desonerações) e diminuir o controle sobre os preços administrados (gasolina, óleo diesel e energia, especialmente). “O que pode pesar positivamente é o quadro de chuvas, que pode reduzir o preço da energia este ano e os preços de alimentos, que devem ser menos desfavoráveis em 2014 – 2013 foi um ano muito ruim”, diz. Contudo, ele explica que o governo já sinaliza que os reajustes de combustíveis, por exemplo, serão feitos de forma gradual, o que suavizaria o impacto do item nos preços.

Barbosa comentou ainda que a tendência de câmbio mais desvalorizado também deve pesar no IPCA de 2014. Com o dólar mais alto, fica mais caro comprar produtos importados – o que estimula o consumo interno e, consequentemente, pressiona os preços para cima.

Aperto monetário – Logo depois da divulgação do IPCA de 2013, economistas começaram a considerar a possibilidade de o Banco Central fazer um aperto monetário maior em 2014. Em relatório distribuído ao mercado, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, prevê que a taxa básica de juros, a Selic, encerre o ano em 11% ao ano, acima das estimativas do Boletim Focus, que indicavam até o momento a Selic em 10,5% no final deste ano.

Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC realizará a primeira reunião do ano e deve fazer uma nova elevação na taxa básica de juros.

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Para Zeina, o BC tem feito a parte dele e os efeitos do aperto monetário devem ser sentidos nos próximos meses. Contudo, ela ressalta que a política monetária sozinha não consegue dar conta do arrefecimento da inflação. “O ideal seria ter contribuições do lado fiscal, para que não fique tudo com o Banco Central”, comenta. O ano eleitoral faz com que o mercado tenha pouca crença de que o governo promova algum ajuste fiscal. Contudo, Zeina acredita que tudo depende de quanto a inflação vai preocupar este ano. “Não dá para descartar que não vai haver um ajuste fiscal”, comenta.

(com Estadão Conteúdo)

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