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Indústria química negocia prazo maior de incentivos

Por Da Redação
28 set 2011, 10h00

Por André Magnabosco

São Paulo – O lançamento do plano Brasil Maior, ocorrido no início de agosto, não interrompeu as negociações entre a indústria química e diferentes esferas do governo federal acerca de benefícios específicos para o setor. O principal ponto em discussão é a necessidade de adequação do prazo dos benefícios concedidos aos investimentos para a realidade do setor, no qual parte expressiva dos projetos tem perfil de longo prazo. “Para o setor, a desoneração de investimentos até 2012 não resolve, já que os investimentos levam de três a quatro anos, em média. Por isso, temos falado em um prazo até o final de 2025”, revelou à Agência Estado o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo.

Os detalhes das conversas permanecem sob sigilo, mas entre os executivos do setor é grande o otimismo de que o complemento do Brasil Maior para a indústria química garantirá maior competitividade à produção nacional. “Vai vir uma política para o setor. Vai vir e deve ser boa”, afirmou o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, em evento realizado pelo Grupo Estado no mês passado. A declaração evidencia que novas medidas governamentais devem beneficiar não apenas a indústria química, como também a cadeia petrolífera.

O presidente da estatal, maior investidora do País com aportes estimados em aproximadamente R$ 80 milhões por ano até 2015, acredita que o desenvolvimento de uma “cultura nacional” é fundamental para o crescimento do Brasil. “O governo está muito preocupado com isso e está alinhado a essa posição”, disse Gabrielli ao defender as propostas apresentadas no Brasil Maior.

Devido à representatividade no total de investimentos do País, a Petrobras seria uma das grandes favorecidas com medidas de incentivo às cadeias química e petrolífera. Eventuais prorrogações de prazo teriam igual efeito positivo para a empresa, cujos investimentos previstos para o período entre 2011 e 2015 somam R$ 388,9 bilhões, ou US$ 224,7 bilhões.

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A indústria química, por sua vez, sinaliza com a possibilidade de investimentos de US$ 167 bilhões até 2020 em resposta a medidas de estímulo à competitividade do setor. Outros US$ 32 bilhões seriam destinados apenas à área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). “A média de investimentos da indústria química em P&D hoje é de 0,7% (do faturamento líquido) e acreditamos que precise subir para 2% ou até mais”, destaca Figueiredo.

Com esses recursos, a indústria química almeja enfrentar o déficit comercial anual do setor superior a US$ 20 bilhões, buscar uma posição de liderança na química baseada em fontes renováveis, como a cana de açúcar, e se preparar para as demandas oriundas da exploração do pré-sal.

No aguardo de um ambiente mais favorável a investimentos, o setor ainda apresenta dificuldades para concorrer com o produto importado, que hoje responde por cerca de um terço da demanda doméstica por itens químicos. Enquanto isso, a taxa de utilização do setor opera em patamares inferiores a 80%. “Como trabalhamos com capacidade ociosa, ninguém fará investimentos se não houver estímulo à produção”, diz o executivo da Abiquim.

O estímulo esperado pelo setor é a postergação do prazo para investimentos, seja na compra de máquinas e equipamentos, seja na área de P&D, para 2025. O plano Brasil Maior determina, entre outras medidas, que a restituição de PIS/Cofins sobre aquisição de máquinas passará a ser imediata e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre a compra de bens de capital seja mantida até o final de 2012. Além disso, uma série de medidas de incentivo ao investimento à pesquisa também foram englobadas e, na visão da Abiquim, precisariam ser estendidos pelo menos até meados da próxima década.

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Abrangência

Além da prorrogação de prazo para os incentivos incluídos no Brasil Maior, principalmente em relação a linhas de financiamento, Figueiredo mantém a proposta da entidade de defender junto ao governo o Pacto Nacional da Indústria Química, lançado em meados do ano passado durante a corrida para as eleições presidenciais. “Queremos apresentar uma agenda mais ampla, que inclua a formação de pessoal, a estrutura de portos e ferrovias, entre outros temas. Há muito ainda a ser feito, além da redução de encargos”, diz Figueiredo.

Muitos desses pontos seriam discutidos em um conselho de competitividade para o setor químico, cuja criação é aguardada pela Abiquim. Além disso, é prioritária para o setor uma definição sobre os incentivos à utilização de gás natural como matéria-prima na cadeia química. Essa e outras propostas, destaca Figueiredo, estão sendo avaliadas por diversos ministérios. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIO), entretanto, é quem tem maior influência nesses temas.

Outro ponto cuja discussão seria bem recebida pela indústria química é a devolução de créditos de PIS/COFINS em relação ao valor exportado de manufaturados acumulados na cadeia produtiva. O plano Brasil Maior prevê que essa devolução será de até 3% do total exportado, número que ainda pode chegar a 4%. Para a indústria química, contudo, esse número precisaria ser de 5,65%, a fim de adequar a proposta federal à realidade do setor.

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