A indústria brasileira crescerá este ano 1,8%, uma cifra inferior a sua expectativa e muito abaixo do recorde de 10,4% de 2010, informou a Confederação Nacional de Indústria (CNI) nesta quarta-feira.
O CNI prevê uma expansão de apenas 2,3% em 2012 devido aos efeitos da crise externa.
“Tivemos um crescimento grande em 2010 e esperávamos um crescimento baixo este ano, mas não tão baixo. Nossa expectativa era de 3,5%”, disse Robson Braga, presidente da CNI, em uma coletiva de imprensa.
A desaceleração da atividade industrial acontece num contexto de crise internacional e de valorização da moeda brasileira com relação ao dólar, que continua atraindo um volume muito alto de importações, disse o dirigente.
“Além disso, temos juros elevados – que começaram a ceder depois da metade do ano -, um investimento baixo e uma carga tributária muito pesada sobre a indústria, que nos prejudicaram”, disse Braga.
O setor industrial brasileiro espera uma expansão do PIB de 2,8% em 2011, abaixo das projeções oficiais que o situam a 3,2%, e uma taxa de crescimento de 3% para 2012.
“O Brasil voltou a crescer este ano menos que o mundo e a indústria menos que o Brasil”, disse o economista-chefe da CNI, Flavio Castelo Branco.
A Confederação espera uma leve recuperação, de 2,3%, em sua atividade no ano que vem, mas não descarta a possibilidade de revisão dessa estimativa para baixo devido a uma eventual deterioração das condições externas.
“Nossos principais mercados são Europa e Estados Unidos, que são as economias de maior risco”, disse Braga.
Os representantes dos industriais insistiram que o preço do real continua sendo uma das principais dificuldades para o setor, apesar da desvalorização dos últimos meses.
Este ano, o real acumulou desvalorização de 10,7%.
No ano passado, a moeda apresentou valorização de 4,6% em relação ao dólar, contra alta de 32,7% em 2009 e uma desvalorização de 23,17% em 2008 devido à crise financeira global.