Nove importadores de tênis uniram-se formalmente para pressionar o governo federal a retomar a discussão a respeito da sobretaxa na importação de produtos chineses. Eles anunciaram nesta sexta-feira a criação do Move, o Movimento para Livre Escolha. Os empresários reivindicam um plano estratégico para o setor e tentam impedir que a taxa seja estendida a outros países. Além de empresas nacionais, como São Paulo Alpargatas e Penalty/Cambuci, integram o movimento as multinacionais Adidas, Asics, Puma, Nike, New Balance, Skechers e Reebok.

O grupo também negocia a adesão de varejistas e outras empresas do segmento esportivo. Em março, o governo brasileiro começou a cobrar, além da tarifa de importação de 35%, uma sobretaxa de 13,85 reais para cada par de calçado importado da China, por considerar que os fornecedores instalados naquele país praticavam dumping – ou seja, vendiam abaixo do preço de custo.

Os importadores alegam que a medida não foi discutida suficientemente com todo o segmento e que a decisão beneficiou apenas uma empresa – a Vulcabrás, do empresário Pedro Grendene, que tem toda sua produção concentrada no país. Segundo o secretário executivo do Move, Gumercindo Neto, as companhias associadas fabricam 80% dos produtos esportivos de alta performance comercializados no Brasil, como tênis de corrida e sapatilhas especiais para atletas. As empresas argumentam que já produzem 50% dos calçados no mercado doméstico, mas que os mais sofisticados têm de ser fabricados no exterior porque exigiriam tecnologia e matéria-prima que não existem no país.

“Para amortizar todo o investimento em tecnologia, engenharia e design é preciso ter escala, e isso ainda não temos aqui”, afirma Neto. Os importadores pedem que, ao menos, esses calçados chamados de alta performance fiquem livres da sobretaxa.

(com Agência Estado)