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Impeachment pode marcar nova onda de valorização do real

Economistas veem possibilidade de forte apreciação da moeda a partir de agosto, caso a saída definitiva da presidente afastada Dilma Rousseff se confirme

Por Da Redação
28 jun 2016, 10h15

Um segmento de economistas avalia que o real pode passar por uma nova rodada de valorização a partir de agosto, caso o Senado confirme a saída definitiva da presidente Dilma Rousseff. Os analistas observam que o ingresso de recursos externos na economia brasileira tende a aumentar com o avanço da confiança de investidores externos no país.

Se sacramentado o impeachment, o otimismo seria alimentado por mudanças estruturais na área fiscal, como a aprovação pelo Congresso do teto de gastos públicos vinculados à inflação e o lançamento de uma proposta de reforma da Previdência Social. A confiança tende a elevar a demanda por títulos nacionais, especialmente de renda fixa, mas também por ações. Os investidores já têm como atrativo a elevada rentabilidade oferecida por papéis brasileiros – o alto juro básico, de 14,25% ao ano, sustenta esse rendimento -, mas a demanda está represada pela incerteza no quadro político.

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisas para a América Latina do banco Goldman Sachs, “o câmbio pode ir para 3 reais ou abaixo dessa marca em poucos meses”, após definido o impeachment de Dilma Rousseff, com sinais firmes da evolução das propostas do governo de correção da gestão das contas públicas. Entre os destaques das propostas, afirma, está a aceitação pelos parlamentares da emenda constitucional que determina que as despesas do Poder Executivo não mais terão aumento real.

“A questão é saber o que o Banco Central fará quando o dólar chegar a 3 reais”, diz Ramos.

Inflação – O Banco Central teria várias razões para manter o câmbio entre 3,15 reais e 3,20 reais no segundo semestre, afirma Braulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA.

O combate à inflação é prioridade do BC. Uma queda nominal de 8% do dólar poderia reduzir o IPCA em 2017 de 5,3% para perto de 4,8%, calcula o economista. “Há também outros fatores. Um deles é redução do passivo das empresas muito endividadas em dólar, sobretudo a Petrobras”, disse Borges.

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Um outro elemento é a melhora de confiança de empresários e consumidores a partir da força do câmbio. “Quando a moeda brasileira está valorizada, isso ajuda a tornar positivas as expectativas sobre as perspectivas da economia no curto prazo”, complementa o economista-chefe da LCA. “Mas, se ela está desvalorizada, esse fator pesa para que a percepção piore de forma considerável.”

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Mesmo com a saída do Reino Unido da União Europeia, os especialistas avaliam que os efeitos sobre o câmbio no Brasil até o fim deste ano deverão ser indiretos e não significativos. Isso porque o crescimento mundial poderá ter pressões para baixo, o que poderia levar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) a ser ainda mais cauteloso para elevar os juros neste ano. Neste contexto, há chances de apreciação do real, sobretudo com uma perspectiva de mudanças estruturais na área fiscal.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o BC poderia permitir que o câmbio se estabilize em um patamar entre 3,20 reais e 3,30 reais depois de agosto, o que seria oportuno para iniciar um necessário ciclo de redução de juros.

“Como a inflação está alta, ela deve fechar este ano ao redor de 7% e em 5,5% em 2017. Assim, o BC pode, na prática, estender seu objetivo para levar o IPCA a 4,5% para 2018”, comentou Vale. “A redução da Selic é importante porque não joga lenha na fogueira na já complicada situação fiscal, dado que os juros altos causam grande impacto nas contas públicas”, disse. Para ele, a Selic cairá para 13,25% ao fim deste ano e chegará a 11,25% no encerramento do próximo.

De acordo com Vale, a tendência do câmbio é de valorização num horizonte de dezoito meses, pois há uma evolução notória da governabilidade do país com a administração Michel Temer em relação à de Dilma Rousseff. Ainda segundo o economista, isso deverá culminar na volta da harmonia macroeconômica, com a austeridade da política fiscal e distensão da taxa de juros.

(Com Estadão Conteúdo)

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