Por Renan Carreira
Londres – As companhias estrangeiras reduziram fortemente novos investimentos na Alemanha e na França, as duas maiores economias da zona do euro, no primeiro semestre de 2011 por causa das crises fiscal e bancária na região, de acordo com números divulgados hoje pela Conferência da Organização das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês).
Em contrapartida, os investimentos foram alocados a nações em desenvolvimento, que estão crescendo mais rápido que os países desenvolvidos desde o início da crise financeira de 2008. O investimento estrangeiro direto (IED) na América Latina, por exemplo, cresceu 5,1%, para US$ 94,2 bilhões, dos quais US$ 32 bilhões foram destinados ao Brasil.
Segundo a Unctad, o IED nos Estados Unidos caiu 49% em relação ao último semestre do ano passado, para US$ 74 bilhões, enquanto na China subiu 12%, para US$ 61 bilhões. Nos últimos anos, a China tem estado em um distante segundo lugar na comparação com os EUA como principal destino do mundo para investimento estrangeiro, mas está cada vez mais próxima. Na verdade, se os investimentos para Hong Kong forem adicionados à China, o total sobe para US$ 111 bilhões.
As principais exceções à tendência global foram o Reino Unido e a Irlanda. Aquele atraiu US$ 82 bilhões em novos investimento no primeiro semestre deste ano, alta de 250% em relação à segunda metade de 2010, enquanto este atraiu US$ 30 bilhões, alta de 66% na comparação com o período anterior. Os investimentos na Irlanda superaram o total somado para Alemanha e França em quase US$ 10 bilhões. As duas maiores economias da zona do euro pressionam a Irlanda para aumentar suas taxas de impostos corporativos, atualmente em 12,5%.
As companhias estrangeiras investiram apenas US$ 6,6 bilhões na Alemanha durante os seis primeiros meses deste ano, baixa de 73% em relação ao segundo semestre de 2010, e só US$ 14 bilhões na França, baixa de 17% na comparação com o mesmo período.
O IED nas economias desenvolvidas caiu 3,9%, para US$ 353,1 bilhões, enquanto que para as nações em desenvolvimento subiu 7,3%, para US$ 326,5 bilhões, e para as economias da Europa central e oriental houve alta de 17,6%, para US$ 41,1 bilhões.
Os fluxos globais de IED subiram 2% no primeiro semestre deste ano em relação aos seis meses finais de 2010, mas a Unctad disse que o total para 2011 será provavelmente 25% abaixo dos níveis de pico, que foram alcançados em 2007, antes, portanto, do início da crise financeira mundial.
O IED na África teve alta de 4,5%, para US$ 30,2 bilhões. Já no Oriente Médio caiu 32,9%, para US$ 20,8 bilhões, apesar de uma alta na Turquia. A Unctad atribuiu o fraco resultado no Oriente Médio aos protestos no mundo árabe. As informações são da Dow Jones.