Cairo, 14 jul (EFE).- A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, defendeu neste sábado uma transição democrática no Egito em sua primeira visita oficial ao país desde 30 de junho, quando o islamita Mohammed Mursi assumiu a presidência.
Hillary reiterou em entrevista coletiva que os Estados Unidos apoiam uma transição ‘completa’ no Egito e que aposta em que o novo líder contribua para chegar ao consenso necessário para resolver questões pendentes como a composição da Constituição e do Parlamento.
Nas últimas semanas, as turbulências políticas no Egito foram marcadas pela dissolução do Parlamento por causa de uma sentença do Tribunal Constitucional, um assunto que Mursi enfrentou com o Poder Judiciário, a junta militar e os partidos laicos e liberais.
‘A democracia é um processo duro que requer diálogo, compromisso e uma política prática. Continuaremos apoiando a decisão dos egípcios da melhor forma possível’, enfatizou a representante americana em entrevista coletiva conjunta com o ministro de Relações Exteriores egípcio, Mohammed Amr, que esteve na reunião com Mursi.
Hillary destacou a importância de Mursi respeitar os direitos de todos os cidadãos, incluindo os das minorias e das mulheres.
A secretária de Estado adiantou que amanhã deve se reunir com o chefe da junta militar, marechal Hussein Tantawi, mais um encontro em sua visita de dois dias ao Egito, que culminará com a inauguração do Consulado Geral dos Estados Unidos na cidade de Alexandria.
Em seguida, irá a Israel, onde encerrará a viagem internacional que a levou também à França, ao Japão, à Mongólia, ao Vietnã, ao Laos e ao Camboja.
Outra das principais questões que a chefe da diplomacia americana e Mursi discutiram foi o tratado de paz que o Egito assinou com Israel em 1979, em virtude do qual os EUA fornecem anualmente uma ajuda militar de até US$ 1,3 bilhão para garantir a segurança e a estabilidade no país árabe, considerado um de seus aliados na região.
Hillary destacou hoje os ‘grandes benefícios’ que o tratado representou para a estabilidade do Egito, enquanto o representante da diplomacia egípcia reiterou o compromisso de Mursi de respeitar os acordos internacionais sempre que a outra parte fizer o mesmo.
‘A visita (de Hillary) é muito importante, já que os dois países têm laços fortes, sólidos e estratégicos que beneficiam ambas partes’, apontou Amr.
Os vínculos econômicos ficaram evidentes hoje com a promessa dos Estados Unidos de liberar um pacote de US$ 1 bilhão para perdoar a dívida contraída pelo Egito, que está em crise econômica.
Hillary mencionou também o compromisso de outorgar um crédito de US$ 250 milhões para fomentar a atividade empresarial no Egito e anunciou um fundo de investimento privado de US$ 60 milhões no futuro.
Além disso, a americana mostrou seu apoio ao Egito em busca de financiamento internacional, o que pode estar relacionado ao empréstimo de US$ 3,2 bilhões que o país solicitou ao Fundo Monetário Internacional.
Durante o encontro, Mursi e Hillary também analisaram o processo de paz entre israelenses e palestinos, a situação na Síria e outras questões regionais.
Enquanto o presidente egípcio apoiou o direito do povo palestino a um Estado independente, a representante americana pediu às facções palestinas que negociem e abandonem suas divergências.
Como gesto de boas-vindas ao novo presidente egípcio, a secretária de Estado enviou a Mursi uma mensagem de felicitação do presidente americano, Barack Obama, que inclui um convite para visitar os Estados Unidos em setembro. EFE