Grupo Clarín apresenta plano para se adequar à nova lei argentina
O projeto é uma proposta para cumprir a lei antimonopólio e impedir que a agência reguladora determine por conta própria os ativos que devem ser vendidos

O Grupo Clarín, maior conglomerado de meios de comunicação da Argentina, disse nesta segunda-feira que apresentou uma proposta para cumprir a nova lei de imprensa, numa tentativa de ganhar tempo e impedir que a agência reguladora determine por conta própria quais ativos devem ser vendidos. A Autoridade Federal dos Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca) iniciou na quinta-feira o processo de redução do grupo, depois que a Corte Suprema de Justiça considerou constitucionais os artigos cruciais da nova legislação, que foram contestados durante anos pelo Clarín.
O gerente de Comunicações Externas do grupo, Martín Etchevers, disse que a proposta divide o grupo em seis diferentes unidades de negócio. Posteriormente será entregue um plano de adequação à lei relativo a cada unidade, determinando quais serão as concessões e os meios de comunicação a serem repassados. “A questão da transferência da titularidade é uma questão que não está definida neste momento, porque não cabe que se defina neste momento, e sim mais à frente, quando este plano avançar na sua execução”, disse o porta-voz ao canal a cabo Todo Noticias, propriedade do Clarín. “Decidimos nos antecipar e nos apresentar hoje na Afsca e na Justiça com um plano de adequação voluntária que fazemos para proteger de maneira urgente e imediata nossos direitos frente ao atropelo fiscal”, afirmou.
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Martín Sabbatella, presidente da Afsca, disse que a agência terá até 120 dias para analisar o plano, e que após sua aprovação haverá um prazo de outros 180 dias para a execução das transferências. A autoridade reguladora pode rejeitar o plano do Clarín, já que o prazo legal para a apresentação da proposta venceu no final de 2012.
O Clarín, que faz forte oposição à presidente Cristina Kirchner, controla a principal operadora de TV a cabo do país, o jornal de maior circulação, as rádios mais ouvidas e dois dos canais de TV aberta com maior audiência, entre outros ativos. O grupo se diz vítima de uma perseguição política, mas o governo diz que o objetivo da Lei de Meios é democratizar as comunicações e combater monopólios.
O Grupo ainda pode contestar judicialmente a aplicação da lei e em particular o papel da Afsca, por considerar que não se trata de um órgão imparcial ou independente, como determinou a Corte Suprema. “Paralelamente à proposta (de desmembramento) vamos continuar levando adiante todas as ações correspondentes nos tribunais nacionais e internacionais”, disse Etchevers.
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