Grécia tem até hoje para mostrar que está alinhada com credores
Se não sinaliza que cumprirá termos de contrato, país não terá ajuda financeira prorrogada por mais quatro meses
A Grécia tem até esta segunda-feira para sinalizar a seus credores internacionais que está comprometida em fazer reformas que visam a austeridade fiscal e controle das contas públicas. Só assim o país conseguirá estender por mais quatro meses a ajuda financeira que recebe de seus credores internacionais – a troika, grupo formado por Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia.
Na sexta-feira, os ministros das Finanças da zona do euro chegaram a um acordo para prorrogar o atual programa de ajuda, mas ele está condicionado ao aumento da eficiência do setor público e combate à sonegação de impostos. O novo governo de Atenas defendeu, em sua campanha eleitoral, o abrandamento das medidas de austeridade.
Os ministros do bloco do euro se reúnem novamente na terça-feira para discutir a lista de reformas que a Grécia deve apresentar nesta segunda, disse Martin Jaeger, porta-voz do ministério alemão das Finanças, acrescentando que Berlim espera que seja “coerente e plausível”.
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O governo grego se comprometeu na sexta-feira a priorizar as reformas mais consensuais, como a luta contra a fraude fiscal, a corrupção, a reconstrução da administração pública e também “a resposta à crises humanitária”.
Todas as medidas têm um custo orçamentário, mas a Grécia não terá de adotar medidas com impacto negativo sobre o Orçamento público, sem afetar assim a recuperação econômica e a estabilidade financeira local.
A Grécia conseguiu, no entanto, uma meta de superávit primário menor do que a exigida pelos credores anteriormente. Esta foi a única concessão da eurozona no plano financeiro.
O pacto firmado na sexta dita que Atenas só possa utilizar os quase 11 milhões de euros do fundo de estabilidade bancária para a proteção do sistema financeiro. A segunda parte do programa de ajuda que não foi utilizado (3,6 bilhões de euros) só será concedida após a segunda avaliação das reformas, em abril.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, declarou no sábado que Atenas “venceu uma batalha”, durante um discurso no qual oscilou entre a defesa de um acordo que “deixa para trás a austeridade, o memorando, a troika” e a lucidez sobre a “batalha longa e difícil” que espera a Grécia. “Ganhamos a batalha, mas não a guerra. As dificuldades reais estão diante de nós”, afirmou o premier.
Economia – O acordo preliminar fechado pela Grécia na última sexta-feira “é um pequeno passo na direção correta”, segundo avaliação das economistas Daniele Antonucci e Elga Bartsch, do Morgan Stanley, mas as chances de erros no rumo da política, de volatilidade e de riscos de implementação continuam “muito altos e podem aumentar”.
Diante disso, as analistas reduziram a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) grego para este ano em 1,5 ponto porcentual, para 0,7%. “O alto grau de incerteza e a menor disponibilidade de crédito deverão afetar bastante a demanda doméstica, apesar da austeridade menor”, disseram.
(Com agências Reuters, France-Presse, EFE)