ATENAS, 6 Fev (Reuters) – A Grécia perdeu outro prazo nesta segunda-feira para dar uma resposta aos duros termos exigidos em troca da ajuda financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Enquanto isso, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, deixou claro que a paciência da Europa está se esgotando sobre a lentidão das negociações entre os líderes políticos gregos.
Se não houver um acordo para garantir os 130 bilhões de euros em empréstimos emergenciais, Atenas pode ser obrigada a um caótico default em suas obrigações de dívida – pondo em risco seu futuro na zona do euro.
Merkel aqueceu o debate, dizendo que Atenas precisa chegar a um acordo com os credores da UE, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para conseguir o financiamento que precisa.
Falando em Paris ao lado do presidente da França, Nicolas Sarkozy, Merkel disse querer uma ação rápida de Atenas.
“Queremos que a Grécia fique no euro”, disse Merkel. “Eu quero deixar claro mais uma vez que não pode haver acordo se as propostas da troika não forem implementadas.”
“Eu acredito que seja importante nos próximos dias ver algum progresso. Honestamente, eu não consigo entender como dias adicionais ajudarão. Tempo é fundamental. Há muito em jogo para toda a zona do euro.”
ULTIMATO
O porta-voz do partido socialista PASOK, Panos Beglitis, havia dito que os líderes dos três partidos do governo tecnocrata do premiê Lucas Papademos precisavam dar suas respostas até o meio-dia (8h no horário de Brasília).
Porém, uma autoridade do governo negou que os partidos tenham recebido um ultimato para dar uma resposta nesta segunda-feira.
Questionada sobre se os partidos precisavam dar uma resposta a tempo da reunião de autoridades das Finanças da zona do euro em Bruxelas, a fonte grega disse: “Não, não há prazo.”
Ela afirmou, no entanto, que a Grécia precisa aprovar com os credores internacionais os termos do resgate externo, que seria o segundo desde 2010, antes da próxima reunião de ministros das Finanças do Eurogroup.
“O único prazo é para ter um acordo entre a equipe sobre o segundo resgate e um acordo entre os líderes políticos antes do Eurogroup”, disse a autoridade, que pediu para não ser identificada.
Nenhuma data foi estabelecida ainda, mas espera-se que a reunião do Eurogroup aconteça na semana que vem.
Em Bruxelas, autoridades frustradas da UE disseram que a Grécia já está fazendo “hora extra” depois de não conseguir firmar um acordo no fim de semana sobre um pacote que inclui reduções de salários e aposentadorias, cortes de empregos e medidas mais duras de arrecadação tributária.
“Será muito ruim se não houver fumaça branca vindo de Atenas hoje”, disse uma fonte de governo da zona do euro.
“Já deixamos passar prazos. Para preparar a nova parcela de dinheiro e reagendar a dívida na primeira metade de março, toda uma série de medidas técnicas precisa ser tomada. Precisamos de uma decisão agora, para implementar o mecanismo de reagendamento.”
Líderes do PASOK, do conservador Nova Democracia e do LAOS, de extrema-direita – partidos que podem enfrentar um eleitorado irritado nas eleições parlamentares de abril -, ainda precisam se decidir sobre algumas questões, entre elas a reforma do mercado de trabalho e a reestruturação de bancos domésticos.
(Por Renee Maltezou e Lefteris Papadimas; reportagem adicional de Tatiana Fragou e Harry Papachristou em Atenas, Jan Strupczewski e John O’Donnell em Bruxelas, Annika Breidthardt em Berlim, Daniel Flynn em Paris)