Grécia pede que Europa reavalie plano de austeridade
País quer afrouxamento das medidas de ajuste fiscal acordadas com o FMI e a UE

O novo governo de coalizão grego pediu a limitação do corte de funcionários públicos e uma prorrogação de “ao menos dois anos” para aplicar o plano de austeridade imposto por seus credores, a União Europeia e o FMI, segundo um documento oficial divulgado neste sábado em Atenas. Neste documento, o governo pede que seja revisado todo o plano de resgate. O governo propõe ter um prazo de até 2016 para reduzir seu déficit orçamentário para 2,1% do PIB nacional de 9,3% em 2011, uma extensão que exigiria financiamento externo extra.
O objetivo, segundo o papel, é diminuir o déficit público sem que haja “novas reduções de salários, de pensões e de investimentos públicos”. O novo governo propõe, além disso, um congelamento das supressões de postos de trabalho e uma revalorização das indenizações por desemprego. Atenas quer ainda redução de impostos r ajuda extra para os pobres e desempregados.
Para alcançar esse objetivo – visto como inatingível por analistas – o governo afirmou que irá reduzir a burocracia para tentar “evitar as supressões de empregos permanentes e economizar os custos não salariais “, acrescenta o texto. O documento considera que as empresas e os sindicatos teriam de ser autorizados a fixar o nível do salário mínimo no setor privado. Este salário foi reduzido em 22%, a 586 euros, em fevereiro.
A troika de credores da Grécia (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) estará em Atenas na segunda-feira para “atualizar” o programa de rigor e de reformas.
O programa do novo governo de coalizão reflete a pressão pública para aliviar os termos de um plano de resgate financeiro de 130 bilhões de euros (163 bilhões de dólares) para salvar a Grécia da falência, mas somente com os custos de um severo sofrimento econômico. Se implementado na íntegra, o novo programa sugerido pelo governo iria descumprir muitas das medidas de austeridade com as quais o país concordou em fevereiro para fechar o pacote de resgate, o segundo desde 2010.
Parceiros da zona do euro sugeriram ajustes, mas não a reedição drástica das condições de resgate, sendo a Alemanha particularmente resistente aos apelos gregos de clemência.
O programa da Grécia inclui um pedido para a recapitalização do quinto maior credor do país, o ATEbank, um banco estatal agrícola que fontes da UE afirmaram que este mês esteve entre os vários credores que a Comissão Europeia queria que fosse rebaixado. O Ministério das Finanças negou este relatório.
O programa, acordado pelos líderes da coalizão de três partidos depois das eleições de 17 de junho, enfrentará seu primeiro teste na cúpula de dois dias da União Europeia a partir próxima quinta-feira – que certamente será dominada pela crise da dívida que começou na Grécia e agora está ameaçando englobar a Itália e Espanha, as terceira e quarta maior economia da zona do euro, respectivamente.
(Com agência France-Presse e Reuters)