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Grécia antevê “pesadelo” e “inferno” fora do euro

Por Da Redação
18 Maio 2012, 11h46

Por Harry Papachristou e Giles Elgood

ATENAS/LONDRES, 18 Mai (Reuters) – Em Atenas, há cada vez mais sem-teto nas ruas, a distribuição de refeições atende o dobro de pessoas do que há um ano, e os pobres vasculham o lixo atrás de alguma sucata que possam vender.

A Grécia está à beira do abismo, sofrendo com as medidas de austeridade impostas pelos credores internacionais, mas isso é apenas um prenúncio do pesadelo que pode tomar conta da endividada nação se ela for expulsa da zona do euro.

É difícil cravar o exato impacto econômico de uma eventual saída grega do euro –a nova dracma desvalorizada em até 70 por cento, inflação galopante, colapso dos bancos e crise no comércio–, mas mais imprevisíveis ainda são as consequências para os gregos comuns.

Sem um resgate financeiro internacional, os salários e pensões atrasariam, num cenário propício à propagação da violência, do extremismo político e a uma emigração desenfreada.

Após a inconclusiva eleição de 6 de maio, que dividiu o país entre forças pró e contra o pacote de auxílio da União Europeia e FMI, os gregos voltam às urnas daqui a um mês. O resto do mundo vê o novo pleito como um referendo sobre a moeda única, mas os gregos não enxergam dessa maneira.

O fato de um país deixar a zona do euro já foi algo impensável, mas agora parece ser uma perspectiva cada vez mais plausível. Esse cenário deixaria a Grécia próxima de ser um Estado falido, marginalizado dentro da União Europeia, uma das sociedades mais prósperas que o mundo já conheceu.

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A Grécia importa 40 por cento dos alimentos que consome, quase todo o seu petróleo e gás natural, e grande parte dos seus medicamentos. Alguns analistas já viam nisso há anos um sinal de problemas.

Em caso de saída da zona do euro, os fornecedores estrangeiros simplesmente fechariam as portas até a situação se acalmar, o que causaria uma grave escassez de produtos básicos, motivando por sua vez sérios distúrbios sociais, segundo avaliação do presidente do Banco Central grego, George Provopoulos. Os produtos que chegassem ao país ficariam a preços proibitivos.

“INFERNO” E “PESADELO”

Já em dezembro Provopoulos alertou que o retorno à dracma seria “um verdadeiro inferno”, e a população teria de recorrer ao escambo durante um período de transição entre as duas moedas, “trocando um quilo de azeite por três quilos de farinha”.

“Haveria escassez de produtos básicos. Sem combustível, o Exército e a polícia não seriam capazes de movimentar seus veículos. Após um longo período, as coisas voltariam a um melhor equilíbrio. Mas, durante a primeira fase de transição, experimentaríamos um cenário de pesadelo”, disse Provopoulos.

Yiannos Papantoniou, ex-ministro das Finanças, alertou há quase um ano para os riscos. “A Grécia não seria capaz de amparar 11 milhões de pessoas, então haveria enormes fluxos emigratórios”, disse ele em julho à TV Reuters Insider. “Interrupções e perturbações sociais virão. Eu diria um regime de total anarquia.”

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No ano passado, 23,8 mil gregos já emigraram para a Alemanha, país mais rico da Europa, o que é 90 por cento a mais do que no ano anterior, segundo dados do governo alemão. Há filas de gregos interessados em aprender alemão.

A maioria dos economistas concorda que as atuais medidas de austeridade em vigor na Grécia não contribuem para uma recuperação em curto prazo, e alguns argumentam que, se o país deixar o euro, a desvalorização da moeda local estimularia as exportações.

Mas, exceto pelo turismo, a Grécia não tem atividades econômicas capazes de promover tal recuperação.

Mesmo livre de suas metas de redução de dívida, o fato de o país registrar déficit primário –gastos superiores à arrecadação– implica que as medidas de austeridade teriam de ser mantidas, porque o país seria excluído do mercado internacional, e não teria de quem emprestar dinheiro.

“Mesmo se você tirar os pagamentos de juros, com um déficit primário em conta corrente em torno de 10 bilhões de euros, isso significaria que a vida economia iria parar totalmente”, disse Yannis Stournaras, diretor da entidade local de pesquisas IOBE.

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