Governo projeta PIB acima de 5% e assume inflação estourando teto da meta
Ministério da Economia afirma que IPCA deve encerrar o ano em 5,9%, acima dos 5,25% definido pelo CMN como limite para o índice
Otimista com os resultados da economia nos primeiros meses do ano, que enfrentou a segunda onda de Covid-19 sem um grande choque como em 2020, o Ministério da Economia elevou sua previsão para o resultado do PIB. Segundo o governo, a economia brasileira deve avançar 5,3%, acima dos 3,5% projetados em maio. Para a inflação, a expectativa atual é que chegue a 5,9% em 2021, superando o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 14, no Boletim Macrofiscal, assinado pela Secretaria de Política Econômica da pasta.
A meta de inflação para este ano é de 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O teto fica em 5,25%. É a primeira vez no ano que o governo assume o estouro da meta, já que no boletim de maio, ficou em 5,05%. Em junho, o Banco Central já havia projetado uma inflação acima do teto da meta, em 5,8% este ano com pico de 8,5% em agosto.
A SPE aponta que a inflação tem sido impactada mais fortemente por preços administados, como combustíveis e energia elétrica. O boletim afirma que, apesar do estouro esperado neste ano, “a expectativa de inflação de mercado a médio prazo encontra-se ancorada” e deve fechar 2022 em 3,5%, no centro da meta para o próximo ano.
Sobre a retomada da economia e o aumento do PIB, o Ministério avalia que, além dos resultados do primeiro trimestre, o avanço da vacinação e a diminuição da curva de casos e óbitos de Covid-19 têm “efeitos positivos para a projeção do crescimento da economia dos países”. A SPE também ressalta a redução do distanciamento social, que impulsiona o setor de serviços e que a retomada deve continuar pelo avanço das agendas de reformas. “Mesmo durante a maior crise de saúde pública, a agenda econômica continua a andar”, comemora Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica.
IBC-BR
A projeção do governo está abaixo do estimado pelo mercado, que na última segunda-feira indicou o PIB a 6,11% ao final de 2021. Também abaixo do estimado pelo mercado foi o resultado do IBC-Br, “termômetro” do Banco Central para medir a atividade econômica. O indicador de maio, também divulgado nesta quarta-feira, apontou recuo -0,43% na comparação com abril, quando o mercado estimava avanço de 1% na atividade. A queda de maio acontece depois de uma alta de 0,85% em abril e de um primeiro trimestre de crescimento de 1,6%. Apesar da queda, o indicador mostra uma recuperação no ano, com alta de 6,6% em relação ao mesmo período de 2020.
Divulgado mensalmente, o IBC-Br é considerado um termômetro do Produto Interno Bruto (PIB), que é divulgado trimestralmente pelo IBGE. Por ter formas diferentes de calcular a evolução da economia, nem sempre o IBC-Br e o PIB vêm com resultados semelhantes. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. O IBC-Br usa estimativa das áreas e também dos impostos. O resultado do PIB do primeiro trimestre, por exemplo, trouxe avanço de 1,2%, enquanto o IBC-Br do mesmo período subiu 2,3%. Já o resultado do ano de 2020 ficou bem próximo: 4,05% no IBC-Br e 4,1% no PIB.