Roma, 4 dez (EFE).- O Conselho de Ministros do Governo italiano, presidido por Mario Monti, aprovou neste domingo o primeiro ajuste orçamentário do Executivo de tecnocratas, o qual será explicado pelo primeiro-ministro nesta segunda-feira no Parlamento da Itália, informaram fontes governamentais
A aprovação do pacote de medidas econômicas e financeiras estava prevista para segunda-feira, porém, os políticos decidiram antecipar o Conselho de Ministros, que durou mais de três horas, depois que Monti apresentasse o plano aos sindicatos, empresários, agentes sociais e partidos políticos.
Em entrevista coletiva, Monti explicou que seu Governo tem ‘um mandato de curta duração’ e ‘o firme compromisso de ajudar à Itália a sair de uma crise gravíssima, de uma crise internacional e de um mal-estar da economia e da sociedade italiana que colocava em risco tudo o que foi construído por quatro gerações de italianos’.
O presidente do Governo se dirigiu aos italianos antes de proceder a explicar o plano de ajuste. ‘É um momento que a Itália tem potencial para enxergar que é um grande país, capaz de encontrar força em si mesmo para resolver os problemas’.
Monti também afirmou que ‘a grande dívida pública italiana não é culpa dos europeus, mas culpa dos italianos que no passado não deram importância ao futuro das crianças do país’.
‘Temos necessidade de criar condições para buscar o crescimento da Itália e pôr sob controle o déficit e a dívida publica. Temos dado também um peso muito particular ao equilíbrio’, declarou o primeiro-ministro.
‘Também tivemos que distribuir os sacrifícios e tivemos cuidado ao distribuí-los. Vão ver que nossas medidas são, sobretudo, incisivas em relação à evasão fiscal’, completou Monti, acrescentando que ‘a pluralidade de sacrifícios deve ser vista como um novo despertar da economia italiana e da sociedade’.
O presidente do Governo, que deseja que o decreto se chame ‘Salva-Itália’, anunciou que apoiará a proposta de um imposto sobre as transações financeiras nas instituições europeias, um ponto que a Itália tinha sido contra até o momento.
Monti também afirmou que haverá ‘sacrifícios’, mas também ações em apoio das empresas e da liberalização em interesse dos consumidores e da concorrência. Ao mesmo tempo em que a luta contra a evasão fiscal será prioridade do Governo, Monti exclui a opção de recorrer às anistias.
A ministra italiana de Trabalho, Elsa Fornero, abordou um dos temas mais conflituosos, a modificação do sistema de previdência, que passará a ter o mínimo de anos cotados de 42 anos (para os homens) e 41 (para as mulheres) para poder receber a previdência ‘antecipada’ sem recorrer ao sistema de cotas.
No setor privado, em 2012, a aposentadoria para as mulheres será a partir dos 62 anos e para os homens aos 66 anos, com uma penalização de 3% anual para aqueles que quiserem retirar antes, enquanto a equiparação total de idades será de 66 anos em 2018.
Depois que a ministra concluiu seu emocionado discurso, Monti assinalou que o plano visa congelar as aposentadorias superiores aos 960 euro mensais, mantendo a revisão das aposentadorias mínimas em função da inflação. EFE