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Governo francês insiste en taxa Tobin e irrita mercado financeiro

Por Por Delphine Touitou
8 jan 2012, 13h35

A associação Paris Europlace, que representa todos os atores do mercado financeiro francês, se opôs, neste domingo, ao projeto do presidente Nicolas Sarkozy de instaurar uma taxa sobre as transações financeiras se esta não for uma medida de aplicação europeia.

Em um comunicado, a associação declarou “sua oposição ao estabelecimento de uma taxa sobre as transações financeiras que, se não forem europeias, enfraquecerão a economia francesa” e provocarão uma transferência das atividades financeiras.

A aplicação da chamada taxa Tobin seria “inadequada”, tendo em vista que a crise financeira mundial não começou na França, mas sim no mercado americano, com as chamadas “subprimes” e com os riscos tomados por grandes bancos de investimento anglo-saxões, segundo a Paris Europlace.

“Não é porque os financistas dizem ‘não queremos ser taxados’ que vamos escutá-los”, respondeu imediatamente o secretário de Estado da Habitação francês, Benoist Apparu, na emissora Radio J, acrescentando que apresentará o texto com a medida ao conselho de ministros “provavelmente em fevereiro”.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, reiterou neste domingo sua oposição a uma taxa europeia sobre as transações financeiras, a menos que seja decidida em nível mundial.

“Uma taxa sobre as transações que só seja aplicada na Europa (…) nos custaria empregos, nos privaria de receitas fiscais, seria nefasta para toda Europa, numerosos organismos financeiros quebrariam”, advirtiu Cameron durante um programa difundido pela BBC televisão.

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“Eu não me oporia, a menos que o resto do mundo decidisse ao mesmo tempo aplicar a tal taxa”, acrescentou o chefe do governo britânico, preocupado com os interesses da City, o principal mercado financeiro da Europa.

“Se os franceses querem aplicar esta taxa sobre as transações financeiras em seu próprio país, têm liberdade para fazê-lo”, disse.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, garantiu na sexta-feira passada que “não esperará” os demais sócios europeus para introduzir a taxa às transações financeiras, apesar de não ter adiantado nenhuma data.

Essa taxa, proposta em 1972 pelo economista americano James Tobin, e apoiada pelas organizações antiglobalização, foi ignorada pelos governos antes de ser recuperada por Sarkozy, pela chanceler alemã Angela Merkel e pela Comissão Europeia.

A imposição de uma taxa mínima sobre qualquer transação nos mercados financeiros reduziria, segundo os especialistas, a especulação e, por conseguinte, a instabilidade nos mercados.

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O anúncio de sexta-feira de Sarkozy, que até esse momento tinha rejeitado a aplicação de uma medida assim só na França, causou mal-estar entre seus sócios europeus.

Berlim se limitou a dizer que sua posição se manteria “invariável”. “O objetivo é conseguir o estabelecimento de uma taxa sobre transações financeiras na União Europeia”, declarou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.

A própria Comissão Europeia insistiu sobre a necessidade de uma “aproximação coerente” entre os países europeus a fim de obter “resultados eficazes”.

O chefe do governo italiano, Mario Monti, também destacou que é “necessário que os diferentes países europeus não apliquem sozinhos” esta taxa.

O debate acontece a menos de quatro meses das eleições presidenciais francesas e num momento em que a Eurozona volta a causar dúvida. As bolsas europeias fecharam na sexta-feira no vermelho, com exceção de Londres.

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Sarkozy, que ainda não anunciou se será candidato à reeleição, encontrará a chefe do governo alemão Angela Merkel na segunda-feira em Berlim para preparar a conferência europeia no final de janeiro.

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