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Governo destinará R$ 156,1 bilhões para Plano Safra 2014/2015

Montante é 14,7% superior ao da temporada passada e será injetado no setor via oferta de crédito

Por Da Redação
19 Maio 2014, 11h42

O Ministério da Agricultura confirmou nesta segunda-feira que o Plano Safra 2014/15 terá 156,1 bilhões de reais em créditos para o agronegócio brasileiro, aumento de 14,7% em relação ao ano anterior (136 bilhões de reais). O valor estava estampado em um anúncio publicitário do governo no Palácio do Planalto.

A taxa média de juro do programa subiu 1 ponto porcentual ante a temporada anterior, para 6,5% ao ano. Segundo o ministro Neri Geller, as taxas de juros do crédito rural foram em grande parte preservadas, “uma vez que os ajustes foram inferiores ao aumento da taxa Selic desde o lançamento do Plano 2013/14”.

Com a ajuda à agricultura empresarial, Dilma dá nesta semana sua última cartada para tentar atrair o agronegócio para sua campanha à reeleição. O passo seguinte, e talvez o mais importante, será um encontro de Dilma com lideranças do agronegócio, o que deve ocorrer nos próximos dias.

A reaproximação da presidente com o agronegócio está sendo conduzida com apoio da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), atual presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A ideia é romper a resistência do setor, com quem Dilma manteve boa relação em 2010, quando foi eleita. Kátia evita falar em crise entre a petista e os líderes ruralistas. “É bobagem querer fazer essa divisão de quem apoia ou não a presidente. Não existe uma classe desse tamanho unânime.”

Pelo diagnóstico do Planalto, pecuaristas, produtores de cana-de-açúcar e parte do segmento da soja estão mais próximos da oposição, o candidato do PSDB, Aécio Neves. Mas ainda há quem possa estar com o governo, o que seria o caso dos grandes produtores de soja.

Dilma tem boa relação com o senador Blairo Maggi (PR-MT), cuja família é a maior produtora de soja do Brasil. A presidente colocou como titular da Agricultura na reforma ministerial do início deste ano o seu indicado, ministro Neri Geller, que também é produtor do grão no Mato Grosso. “Os grandes produtores estão com o governo, mas com os médios produtores não é bem assim”, afirma o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, representante do setor no principal Estado produtor do grão.

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A soja é o carro-chefe das exportações brasileiras. Segundo Prado, uma pesquisa ouvindo cinquenta lideranças ruralistas mato-grossenses constatou que a maioria está descontente com a lentidão de investimentos estatais em infraestrutura. O gargalo da logística também é indicado pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Almir Dalpasquale. “Temos a observação de que o setor não é unânime. Se a Aprosoja apoiasse a presidente Dilma, talvez não tivesse apoio de 100% do setor, talvez nem de 50%”, diz, ressaltando que a entidade ainda não tem posicionamento formal.

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Entre os pecuaristas, o descontentamento é maior. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Carlos Paranhos, será o porta-voz do setor na reunião com Dilma. A entidade, uma das principais representantes dos criadores de gado, avalia que o governo deixou de fortalecer o Ministério da Agricultura, colocou em risco a segurança fundiária em zonas de conflito com reserva indígenas no Mato Grosso do Sul e quilombolas no Sul da Bahia, respectivamente, além de não ter reconhecido a importância do agronegócio para o Produto Interno Bruto (PIB) e na pauta de exportações. Dilma foi vaiada no evento anual da entidade realizado no início do mês em Uberaba.

“Temos de reconhecer que o governo fez coisas boas, como o crédito para máquinas agrícolas e o financiamento para a lavoura, políticas que têm de ser mantidas. Mas existe ainda um certo preconceito com as empresas do agronegócio (no Planalto). Falta o reconhecimento pelo governo da importância do setor e a garantia da segurança da propriedade privada, que é uma coisa básica para novos investimentos”, diz.

Etanol – Contudo, os usineiros de etanol são hoje os mais descontentes com Dilma. A principal entidade do setor, a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), diz que 30% das empresas estão tendo de empenhar pelo menos 17% do faturamento para cobrir endividamentos e pode deixar de produzir cana-de-açúcar por causa da crise. Segundo o diretor técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, trinta empresas de etanol estão em processo de recuperação judicial e há um risco coletivo de calote que já dificulta o acesso a financiamento privado.

A Unica prepara um conjunto de propostas para apresentar aos pré-candidatos no em seu evento anual, Top Etanol, no início de junho. Embora a presidente da entidade, Elizabeth Farina, já tenha entrado em rota de colisão com a presidente Dilma e o ministro Guido Mantega (Fazenda), Rodrigues evita atacar o governo. “O País precisa definir o que quer de participação do etanol na matriz energética. O setor vive uma rota de redução de importância. Precisamos conhecer como e o que será feito para corrigir essa rota”, afirma.

(com Estadão Conteúdo e agência Reuters)

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